Estima-se que haja 39 milhões de pessoas cegas no mundo, das quais 80% perderam a visão por causa de doenças que são curáveis ou que poderiam ter sido prevenidas. O problema é mais grave em áreas remotas, como vilas no interior da África, onde faltam médicos e equipamentos para a realização de exames. Uma equipe de cientistas e oftalmologistas criou então o Peek Retina (Kit Portátil para Exame Ocular). Trata-se de um acessório para ser acoplado à câmera de qualquer smartphone, permitindo que este tire fotos da retina. A organização Médicos Sem Fronteiras e a Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira estão participando do projeto e receberão boa parte do primeiro lote a ser fabricado.
A ideia surgiu depois de um trabalho de campo no interior do Quênia, que consistiu em levar equipamentos tradicionais de exame oftalmológico para diagnosticar problemas de visão. O projeto envolvia 15 profissionais de saúde e o transporte de equipamentos orçados em US$ 150 mil. Era preciso levar também geradores de eletricidade. E tudo era carregado em vans e furgões. A instalação e desinstalação dos equipamentos tomavam tempo. Com o Peek, basta uma pessoa de bicicleta e um smartphone com o acessório acoplado para a realização dos mesmos exames. Segundo os criadores do produto, as imagens coletadas pelo smartphone têm praticamente a mesma qualidade daquelas tiradas por equipamentos que custam US$ 25 mil. E o melhor: qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento médico, pode realizar o exame. As imagens são enviadas pela rede móvel para especialistas em centros médicos, que analisam e diagnosticam os casos. Com o Peek é possível identificar catarata, glaucoma e cegueira decorrente de diabetes.
Para viabilizar a produção do Peek foi aberta uma campanha de financiamento coletivo no site Indiegogo. A meta é levantar 70 mil libras para concluir o projeto. Já foi arrecadado metade disso e o prazo termina no dia 9 de janeiro. Por 60 libras, é possível participar e garantir uma cópia do Peek. Ou, pelo mesmo valor, o Peek pode ser enviado para um agente de saúde indicado pelos Médicos sem Fronteiras ou pela Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira. O valor incluir o despacho para qualquer endereço na Europa. Para outros continentes, o colaborador terá que arcar com custos extras de envio. Por enquanto o aparelho não pode ser enviado para os EUA, pois ainda aguaada aprovação pela FDA. Pelo cronograma, o primeiro lote será distribuído a partir de outubro de 2015.