A ida semanal ao supermercado era a tormenta que Ramon Silva precisava enfrentar nos fins de semana, justamente durante o pouco tempo livre que tinha, durante o período em que trabalhou nos Estados Unidos. Com essa experiência de vida e com as soluções que encontrou por lá, ao voltar para o Brasil, Silva chamou a amiga Mariam Topeshashvili e desenvolveram o Avocado (Android, iOS), uma solução brasileira voltada para quem não gosta de ir às compras do dia a dia. Inicialmente, a dupla optou por criar um aplicativo de nicho, voltado para mães e seus bebês, com opções de produtos para crianças e para a maternidade.
O Avocado começou a ser testado em março do ano passado, com amigos e familiares. Foi lançado oficialmente em 28 de junho de 2019 e logo no primeiro mês alcançou uma receita de R$ 35 mil. Atualmente, conta com 8 mil usuários ativos, já fizeram, em oito meses de operação, 27 mil entregas e, por dia, atendem entre 150 e 220 pedidos que são entregues em até 2 horas.
Além dos produtos clássicos para bebês – como fraldas, cremes etc –, o Avocado expandiu recentemente seu carrinho de compras para a seção de higiene pessoal para o público adulto.
“A ideia é ser um supermercado completo, mas achávamos importante começar por um nicho. Depois de pesquisar e fazer um brainstorm chegamos à conclusão de que as mães são um ótimo público. Elas prezam pela alta qualidade, são muito referenciadas, dão muitas dicas umas às outras. É uma comunidade muito forte. Sabíamos que, se ganhássemos uma mãe, ela conseguiria trazer outras para a gente”, explica Topeshashvili.
A cofundadora da plataforma explica que os planos de expansão ainda não incluem a categoria de frutas, verduras e legumes. Nesse caso, precisariam de mais dados de seus clientes para poder atuar nessa seção de forma que o estoque não fosse grande demais, mas na medida certa para não sobrar nem faltar. “Até o fim do ano deveremos ter todas as outras seções”, conta Silva.
A plataforma está disponível na cidade de São Paulo e deve expandir para outras cidades, como Florianópolis, Brasília e Rio de Janeiro. Vai depender dos estudos de seus fundadores para encontrar uma cidade que tenha demanda e alta densidade populacional.
Atualmente, o Avocado é um galpão com tudo indexado para que a seleção dos produtos seja rápida e eficaz. O sistema de organização do estoque é pick and shipping e os funcionários que pegam os produtos nas gôndolas utilizam um tablet para controlar os pedidos e o que já foi colocado na cesta de compras. Para se certificar de que o pedido está correto, existe um “match” do produto pelo código de barras. “Temos menos de 0,1% de erro nas nossas entregas”, garante Silva. “Temos um sistema que confere todos os itens que estão no pedido. A gente faz um check com um equipamento conectado ao tablet que lê os últimos quatro dígitos do código de barras. Se estiver faltando algum pedido, o sistema vai apitar e apontar a falha”.
Modelo de negócios
Por não serem um supermercado tradicional, com um estoque em excesso, a Avocado consegue reduzir o Capex em 85% se comparado a um estabelecimento tradicional. “Tenho uma margem bruta menor, mas tenho uma margem líquida melhor do que qualquer outro supermercado. No fim, ganhamos pelo conjunto, por pedido, pelo agregado e não pela cobrança de uma taxa extra”, explica Topeshashvili.
Atualmente, o Avocado cobra uma taxa de entrega de R$ 10 para pedidos menores de R$ 80. Seu tíquete médio de compras está entre R$ 130 e R$ 140. “Com a chegada da categoria de higiene pessoal, em dezembro, nosso tíquete médio aumentou de forma significativa”.
A Avocado conta com uma parceria com a Loggi para a entrega dos produtos e, futuramente, deverá ter entrega própria. Seu funcionamento é de 8h às 20h, inclusive nos fins de semana. Ao todo, trabalham 25 pessoas para a plataforma e, apesar de viver boa parte do seu tempo em um supermercado, Silva está otimista e feliz por ir ao mercado todos os dias, mas com um olhar bem diferente daquele quando era apenas mais um cliente.