A Certisign aposta na identidade autossoberana como meio digital eficaz para o controle de quem já foi vacinado nos países onde a vacinação já começou. A solução é composta por uma série de informações das redes e relações que cada indivíduo constrói ao longo da vida. Pode conter dados sobre interação com órgãos públicos, outras pessoas, escolas, trabalho, bancos, serviços e sistemas. Neste caso, é o usuário quem gerencia seus dados pessoais, o que pode ser feito a partir de um aplicativo em seu smartphone. Ele concede autorização para que empresas acessem seus dados e tudo é controlado através de blockchain. Assim, os dados da imunização também poderiam estar na rede de identidade autossoberana do consumidor.

Bruno Ribeiro, gerente de inovação da Certisign, explicou em entrevista para Mobile Time como imagina o funcionamento da identidade autossoberana para que quem tome a vacina tenha o comprovante no smartphone: o sistema do SUS estaria conectado ao blockchain; quando o profissional for aplicar a vacina, ele lê um QR code para identificar a chave pública no blockchain do usuário e emitiria a credencial – o comprovante que ficará marcado na identidade autossoberana de quem tomou o imunizante.

Outra vantagem da identidade autossoberana, em especial para o momento de pandemia do novo coronavírus no qual estamos vivendo, é que, para usar a solução, o consumidor deve ter apenas um smartphone. “Basta instalar o aplicativo, que é uma carteira de celular e emite o par de chaves, que estará associado a um ledger (livro razão com blockchain). Não é preciso autorização de governo. Você pode ter que pagar por isso, mas há soluções públicas também”, resume Ribeiro.

O gerente de inovação da Certisign aponta também que a solução é ideal para o momento em que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entra em vigor, uma vez que todas as informações contidas na identidade autossoberana são inseridas pelo usuário e são gerenciadas por ele. “Ele é o dono dos dados e depende do seu consentimento e controle. Ela é interoperável. É para ser portável e deve funcionar em qualquer lugar do mundo”, explica o executivo.

O “porém” da solução da identidade autossoberana para informar se uma pessoa foi vacinada ou não contra a Covid-19, mas também a respeito de outros comprovantes, é a escassez, ainda, de emissores de credenciais. Ou seja, para se ter o comprovante de que a pessoa foi imunizada, ela precisa que o posto de saúde seja um emissor desse comprovante. Outra opção, talvez mais realista, é que o posto dê um comprovante para que, em outro lugar – como a secretaria de saúde ou um órgão credenciado – o usuário da identidade autossoberana consiga a credencial.

A solução pode ser usada, também, para informar a uma companhia aérea sobre a vacina. Outro exemplo dado por Ribeiro é com diplomas universitários. Caso o usuário queira comprovar que estudou numa universidade, a instituição de ensino deve ser emissora de uma credencial para que a pessoa tenha no smartphone o comprovante de estudo.

Mas o executivo reconhece que toda essa estrutura requer logística e que isso é difícil de se conseguir e um curto espaço de tempo. “A plataforma gov.br pode se conectar no blockchain e eles reconheceriam o comprovante de vacinação que tenho, por exemplo. Ele poderia ser um emissor de credencial para a identidade autossoberana”, exemplifica o executivo da Certisign. Ribeiro acredita que a identidade autossoberana deve ser empregada “em serviços mais elitizados.” Não por ser cara ou burocrática, para o consumidor final, mas pela estrutura que demanda. Ribeiro reforça que a solução é democrática e que serve para qualquer pessoa que tiver um smartphone, algo que está nas mãos da maior parte da população brasileira.

“É uma solução com padrão global. Vai funcionar independentemente da aceitação de governos. Depende, sim, dos emissores para emitir credencial para as pessoas”, explica o gerente de inovação da Certisign.

 

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