A loja de aplicativos da Volkswagen deve ganhar mais território em 2021. Em conversa recente com Mobile Time, Mateus Arantes, gerente de engenharia elétrica e dispositivos da montadora, explicou que a VW Play Apps tem planos de crescimento dentro do portfólio de carros da montadora, inclusive para fora do Brasil.
“O VW Play (sistema de infoentretenimento que abarca a loja de apps) tem plano forte de entrada nos próximos carros da marca. A tecnologia está no Nivus, T-Cross e no Taos. Sendo que o T-Cross é exportado. Ou seja, ele leva a tecnologia do VW Play para fora do Brasil”, explicou o executivo.
Para a estratégia fora do País, Arantes explicou que haverá marketplace e apps específicos para cada mercado. Com times dedicados em cada local, a ideia é que os apps escolhidos atendam às necessidades de cada cliente. Mas o gerente confirmou que um aplicativo tem parceria global com Volkswagen e estará garantido em todos os países, o Waze.
VW Play no Brasil
Para os consumidores brasileiros, a loja, que possui atualmente sete aplicativos habilitados, pode ganhar novos apps neste ano. De acordo com Arantes, a montadora está analisando a inclusão de novos aplicativos, desde que façam sentido aos motoristas de seus veículos: “A ideia não é colocar todos os apps. Não é variedade, mas qualidade. Cada parceria traz benefício para os clientes”, afirmou.
“Nós escolhemos esse modelo para dar suporte à experiência dentro do carro. Começamos a listar as experiências que fazem mais sentido. Priorizamos a navegação, e depois outras categorias e inovação”, explicou o executivo, ao lembrar de apps como Waze, Estapar e iFood que fazem parte do marketplace.
O gerente da montadora explica ainda que o sistema de infoentretenimento VW Play se tornou “um fator de compra” para o consumidor. Além disso, o vendedor fala da “tela antes comentar sobre o motor”. Como resultado, o Nivus, o primeiro com painel de 10,1 polegadas e a loja de apps, tem 80% de suas vendas fechadas com a tela, um item complementar. No T-Cross, a tela é um item de fábrica – previamente embarcado no carro.
Conectividade
O gerente da montadora afirmou que a maioria dos clientes usam Wi-Fi da garagem ou pareamento com o celular. Mas, após os movimentos da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) com TIM, e GM com a Claro, Arantes reconhece que a oferta pode mudar: “A gente está escutando o mercado. Estamos ouvindo e bolando planos. O importante é avaliar esses cenários. Olhando dentro e fora dos carros”, revelou.
Bastidores
Na conversa com esta publicação, o gerente de elétrica e dispositivos contou um pouco da história de criação da tela e da loja de apps da Volkswagen. A jornada começou três anos antes, após o lançamento do Active Display. O intuito era oferecer “serviços únicos e que dão suporte à jornada do motorista”.
“Fizemos uma curadoria de serviços, com marketing, produto, estratégia, qualidade. Nós criávamos ideia e abordávamos a empresa do app para eles avaliarem se a parceria fazia sentido. Nós fizemos um trabalho duradouro. Entraram apps como 12 minutos, Ubook, Zona Azul e Estapar e outros parceiros com grande approach, além do nosso próprio app, o Meu Volkswagen”, afirmou.
O desenvolvimento da loja contou também com testes e simulações de uso com consumidores. Por meio dessas provas, a montadora percebeu algumas diferenças que a tela no carro precisaria, em comparação com um smartphone ou tablet. Por exemplo, a Volkswagen optou pelo deslize de tela horizontal, no lugar do vertical. Essa escolha foi feita devido à posição do motorista e do passageiro.
“O maior desafio foi trazer para dentro do carro o que estava no celular. O motorista tem que dirigir de forma segura, nós colocamos ícones e atalhos das funções mais utilizados. Definimos arquiteturas de informações, quais apps podem ser usadas mais frequentemente e outras que podem ser usadas apenas quando o carro estiver parado”, disse. “Então fazer essa organização foi importante com o time de UX e UI. Ao todo, nós fizemos 25 clínicas de usabilidade”.
Uma barreira que acelerou o desenvolvimento da loja própria da Volkswagen foi o fato de que as tecnologias de espelhamento de Google e Apple não avançaram o esperado. Android Auto e Apple CarPlay demoram a adicionar novos apps que podem ser espelhados na tela de infoentretenimento dos carros. Um exemplo citado por Arantes foi o Waze.
“O grande divisor foi ouvir os clientes. Era a questão de estacionamento e mapas. O Android Auto ficou anos sem ter o Waze no carro. Essas grandes empresas tentam fazer as atualizações de forma global”, disse. “Nós entendemos que uma plataforma nossa seria mais ágil para atender os clientes”, disse o executivo, mas afirmou que as plataformas do iPhone a Google continuam à disposição nos carros da VW.