Duas tecnologias disputam a preferência dos consumidores em pagamentos presenciais com o smartphone. Cada uma envolve players e modelos de negócios distintos. De um lado, estão os pagamentos por aproximação, com as tecnologias NFC ou MST (esta última, proprietária da Samsung). De outro, está o uso de QR code, geralmente exibido pelo lojista para ser fotografado pela câmera do smartphone. Qual desses meios de pagamento é mais popular no Brasil hoje? A comparação foi feita pela primeira vez na mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre comércio móvel no Brasil, publicada nesta quarta-feira, 29.
O resultado indica que o pagamento por QR code já foi mais experimentado pelo brasileiro que o pagamento por aproximação: 35% dos internautas com smartphone já pagaram com QR code e 23% já o fizeram por aproximação.
O uso do QR code está sendo difundido por aplicativos de contas digitais, como Ame, Mercado Pago, PicPay, dentre outros. Eles procuram fechar acordos com lojistas para que estes criem contas em suas plataformas e exibam os QR codes no caixa para receberem os pagamentos. É uma tecnologia mais acessível porque pode ser usada por qualquer smartphone com câmera e conexão à Internet. Os referidos players realizaram intensas campanhas de divulgação nos últimos meses para estimular esse meio de pagamento, oferecendo descontos, cashback e outras vantagens. Essa tecnologia tende a ser ainda mais popularizada quando o Banco Central lançar em novembro o PIX, um serviço de pagamento instantâneo que será mandatório para todos os grandes bancos e que terá também a opção de uso de um QR code.
O perfil médio do usuário que paga com QR code é homem, jovem, das classes A e B. A tecnologia já foi experimentada por 39% dos homens entrevistados contra 30% das mulheres. É mais popular entre jovens de 16 a 29 anos (39%), que entre aqueles de 30 a 49 anos (35%) ou de 50 anos ou mais (24%). E alcança mais pessoas das classes A e B (39%) que das classes C, D e E (33%).
Pagamento por aproximação
O pagamento por aproximação, por sua vez, está disponível principalmente através de aplicativos como Samsung Pay, Apple Pay e Google Pay, nos quais o consumidor insere os dados de um cartão de crédito ou débito para então substituí-lo pelo smartphone ou relógio inteligente em compras presenciais. A Apple ganha uma pequena taxa por transação, enquanto Samsung e Google não cobram nada. Alguns apps de emissores de cartões também oferecem a funcionalidade, como o aplicativo Ourocard, do Banco do Brasil. A tecnologia NFC, contudo, não está presente em todos os modelos de smartphone. Em geral, está nos aparelhos de gama alta e em alguns de gama média, o que restringe sua massificação. Era de se esperar, portanto, que o uso do QR code tivesse maior alcance do que os pagamentos por aproximação. Porém, vale destacar que os pagamentos por aproximação vêm crescendo rapidamente: seis meses atrás, a proporção de internautas com smartphone que haviam experimentado essa tecnologia era de 17%, e agora são 23%.
No pagamento por aproximação o perfil do consumidor é similar àquele de quem paga com QR code: homens (27%) X mulheres (18%); 16 a 29 anos (26%) X 30 a 49 anos (22%) X 50 anos ou mais (18%); classes A e B (29%) X classes C, D e E (21%).
A quarentena vivida pelos brasileiros a partir da segunda metade de março deve desacelerar ou mesmo estagnar o crescimento no uso das duas tecnologias, uma vez que as pessoas estão saindo menos de casa para compras presenciais. Se houver um aumento, este provavelmente será pequeno e poderá ser atribuído a pagamentos feitos no ato da entrega.
Nesta edição da pesquisa foram entrevistados 2.058 brasileiros que acessam a Internet e possuem smartphone, respeitando as proporções de gênero, idade, renda mensal e distribuição geográfica desse grupo. As entrevistas foram feitas on-line entre 4 e 25 de março de 2020. A pesquisa tem validade estatística, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e grau de confiança de 95%. O relatório completo está disponível para download neste link.