A Oi iniciou o ano com queda nas receitas, mas com registro de lucro após a reestruturação da dívida no plano de recuperação judicial, incluindo avanço da margem no comparativo com o trimestre imediatamente anterior. De acordo com o balanço financeiro da companhia publicado na madrugada desta terça-feira, 29, a receita líquida total da empresa caiu 8% em comparação com o mesmo período de 2017 e encerrou março em R$ 5,668 bilhões.
A receita para a área residencial foi de R$ 2,201 bilhões, redução de 6,5%. Já os serviços móveis totalizaram R$ 1,768 bilhão, queda de 6,4%. Dentro desse universo, a receita com clientes, que exclui aparelhos e uso de rede, foi de R$ 1,635 bilhão, recuo de 6,5% justificado com a queda no volume de recargas do pré-pago, corte da VU-M e “tendência natural do mercado” de redução no tráfego de voz. O segmento B2B continuou apresentando a maior queda: 9,1%, total de R$ 1,548 bilhão, que a Oi afirma ter sofrido impacto do processo de recuperação judicial. A companhia declara ter registrado aumento contínuo na receita de TV paga e na receita de dados e de clientes dos planos pós-pagos e controle.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBTIDA) de rotina do consolidado do grupo foi de R$ 1,572 bilhão, redução de 8,8%. A companhia ressalta, entretanto, um crescimento de 21% comparado ao trimestre imediatamente anterior. A margem EBITDA caiu 0,2 ponto percentual, ficando em 27,7% (mas subindo 5,4 p.p. em relação ao quarto trimestre de 2017). Ressalta ainda o lucro contábil de R$ 30,5 bilhões (contra prejuízo de R$ 69 milhões no primeiro trimestre do ano passado) como reflexo do registro da reestruturação da dívida, levando o patrimônio líquido a voltar a ser positivo, com R$ 28,9 bilhões.
A companhia registra a dívida líquida no trimestre já em R$ 7,309 bilhões, contra os R$ 47,621 bilhões do final de 2017, antes da reestruturação. A posição de caixa foi de R$ 6,225 bilhões, o que ajudou a diminuir a dívida líquida. A Oi destaca ter reduzido custos com eficiência operacional em R$ 318 milhões no comparativo anual, e de R$ 426 milhões comparados ao último trimestre de 2017.
O Capex esperado é de R$ 7 bilhões por ano após o aumento de capital, com investimentos direcionados à rede fixa e móvel. No trimestre, o Capex foi de R$ 1,127 bilhão, redução de 11% devido à antecipação de investimentos para o final de 2017. O foco na infraestrutura de rede correspondeu a 83% do total dos aportes.
Operacional
Ao encerrar março, a Oi contava com 15,599 milhões de unidades geradoras de receita (UGRs) residenciais, 4,5% a menos do que no primeiro trimestre de 2017. Dessas, 9 milhões (recuo de 8,2%) eram de linhas de telefonia fixa. A banda larga totalizou 5,085 milhões de UGRs, redução de 2,3%, e a TV paga aumentou a base em 13,3%, totalizando 1,514 milhões de unidades. A receita média por usuário residencial foi de R$ 80,8, aumento de 1,5% sustentado principalmente pelo aumento da TV paga, que agora está presente em 16,8% da base de telefonia fixa, aumento de 3,2 p.p. comparado ao 1T17.
A velocidade média da banda larga da empresa em março era de 8,6 Mbps, aumento de 20%. A participação de UGRs com velocidades acima de 15 Mbps na receita aumentou 11,3 p.p. e ficou em 26,8%. Durante o trimestre, 71,4% das adições brutas de clientes foram com velocidades acima de 10 Mbps (7,4 p.p. acima no comparativo).
No segmento de mobilidade pessoal, considerando clientes B2B, a companhia fechou o trimestre com 36,434 milhões de UGRs, uma queda de 8,5%. O pré-pago caiu 10% e ficou com 29,660 milhões, enquanto o pós-pago (inclui controle, “serviços móveis convergentes” e dongles) caiu 1,5% e totalizou 6,774 milhões de UGRs. Segundo a Oi, foram registradas adições líquidas trimestrais no pós e no controle pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2017, um total de 43 mil UGRs, o que afirma ser o maior patamar desde o último trimestre de 2016. A ARPU do segmento foi de R$ 16,3, aumento de 0,7%.
A companhia encerrou os três primeiros meses de 2018 com cobertura 2G em 3.407 municípios, além de 1.625 cidades com 3G (crescimento de 9,2%). Com o LTE, a Oi chega em 826 municípios, aumento de 191% comparado ao início de 2017. A empresa destaca o memorando de entendimento (MOU) com a TIM em fevereiro para a “resolução de antigas disputas”, o que abre “um novo ciclo de planejamento de compartilhamento de infraestrutura, na mesma linha de parcerias que já são praticadas atualmente no mercado de telecomunicações brasileiro”.
Na área corporativa, apenas o serviço móvel apresentou crescimento na base: 4,8%, totalizando 2,370 milhões de UGRs. A telefonia fixa caiu 3,1% (total de 3,611 milhões), a banda larga reduziu em 0,3% a quantidade de contratos (total de 545 mil UGRs) e a TV paga caiu 14,2%, ficando com 12 mil UGRs. No total, o B2B contava com 6,539 milhões de unidades geradoras de receita em março. A companhia volta a justificar a redução da receita com a queda do tráfego de voz, corte nas tarifas reguladas e desaceleração da atividade econômica do País, “que afetou os clientes corporativos e governos, que readequaram suas estruturas de custos, e pequenas e médias empresas, com o encerramento de suas atividades e redução de escopo”. A Oi alega ainda que a RJ “dificultou” a celebração de novos contratos ao longo de 2017 “devido às incertezas do processo, bem como abalou as relações com os clientes da base existente, que exigiram esforços de retenção particulares”.