Aproximadamente 40% dos smartphones vendidos pela Trocafone (Android) são iPhones. Em conversa com Mobile Time, o CEO da companhia, Flávio Peres, afirma que isso ocorre pela busca do consumidor e pela disponibilidade dos iPhones no mercado de recondicionados. Em 2023, os iPhones representavam 25% das vendas da companhia.
Vários fatores têm colaborado para o mercado de refurbished no Brasil, segundo o executivo:
- A maturidade do mercado de smartphones que está com vendas estabilizadas (flat);
- O bolso do brasileiro que precisa de três a quatro salários-mínimos para comprar um smartphone de lançamento;
- O campo verde para os smartphones usados, 5% a 6% do mercado atual contra 15% em mercados maduros;
- A média de crescimento ano a ano que está aproximadamente em 15% do refurbished no Brasil;
- O avanço dos programas de trade-in e colaboração à economia circular;
- E o consumidor estar procurando por produtos melhores e mais duradouros.
“15 anos atrás, o consumidor estava comprando os seus primeiros smartphones. Não existiam tantas ofertas de handsets usados e havia uma grande variedade de modelos em diferentes faixas de preço. Ou seja, as pessoas sabiam o que era um smartphone, mas não sabiam (distinguir) as especificações”, diz Peres. “Atualmente, os consumidores passam a entender mais sobre o produto. Passam a querer comprar um Galaxy S, um iPhone. Ou seja, aparelhos de boa especificação, um bom produto, mas por um preço que podem pagar”, completa.
Em dez anos de atuação, a companhia já reprocessou (ou seja, restaurou, certificou e colocou à venda) mais de 2,7 milhões de smartphones. Atualmente, a Trocafone tem smartphones, tablets, smartwatches e mais recentemente reforçou PCs e notebooks e ainda começou a avançar em games, áudio e TVs.
Mas Peres relata que os smartphones seguem como seu carro-chefe de vendas. A empresa tem 1,2 mil tipos de dispositivos.
Mercado cinza
Aparelhos que chegam ao processo e são descartados por serem extraviados ou roubados representam menos de 1%, uma vez que a firma faz checagem nas bases dentro e fora do Brasil, assim como a lista de dispositivos homologados pela Anatel.
“Temos um cuidado especial com a origem dos aparelhos. Nós identificamos as pessoas, os dados da compra, nota fiscal de compra e venda, procedências de aparelhos dentro e fora do Brasil”, afirma o CEO.
Vale dizer que a Trocafone não compra aparelhos não homologados.
Trocafone com PCs e Notebooks
A parceria com a Voke é um dos principais aceleradores da iniciativa da Trocafone em PCs e notebooks. Peres disse que a relação com a parceira é complementar, uma vez que a Voke tem um parque para alugar dispositivos e tem instalação de reparo. A Trocafone, por sua vez, entra com o canal de venda.
Peres reforça que os modelos de computadores mais procurados neste momento são da Apple e aqueles de padrão para trabalho profissional, como Dell e Lenovo. Acredita ainda que os dispositivos com conexão celular (4G e 5G) devem demorar pelo menos dois anos para chegar, pois ainda tem um ciclo da primeira geração até entrar no mercado de usados.
Inicialmente com PC e Notebook, a ideia é atingir o público atual da Trocafone. A venda será online no primeiro momento e posteriormente deve chegar aos quiosques da marca.
Vale dizer que smartphones também estão no radar desta parceria com a Voke.
Próximo passos
O CEO da companhia explicou que estão em um processo de captação de recursos para os próximos meses. O montante obtido via rodada de investimento deve apoiar a modernização da fábrica de reparos e certificação, avançar com automação, ter mais capacidade de produção e reparo e atuar melhor na captação online. Peres também estuda a entrada da empresa para atuar no mercado de games: “Já fizemos um teste piloto e vendemos rapidamente as unidades que colocamos à disposição. Agora precisamos nos preparar para atuar em uma escala maior”, conclui.
Em 2023, a companhia teve um faturamento de R$ 415 milhões, alta de 7% ante o ano anterior.
Imagem principal: Arte de Nik Neves para Mobile Time