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O mercado de startups no Brasil finalizou o primeiro semestre de 2018 com 453 startups financeiras, um crescimento de 23% em comparação ao final de 2017. Um cenário como esse seria propício para investimentos robustos, aquisições e consolidações. No entanto, Guilherme Horn, diretor executivo de inovação da Accenture na América Latina, acredita que o momento é outro.

“Eu não acredito que teremos consolidações entre as fintechs no Brasil. Esse movimento ainda não acontecerá, pois, o mercado de fintechs ainda está em expansão”, explicou Horn, em conversa com o Mobile Time na última quarta-feira, 28.

Tempo para mudanças

O executivo e especialista no setor financeiro esteve na última quarta-feira, 27, no evento Google Fintech, na filial da companhia norte-americana em São Paulo. Ele deu algumas lições e aprendizados para as startups que desejam aventurar-se mais neste segmento.

“Vivemos a era das experiências líquidas”, disse Horn, ao parafrasear o conceito do filosofo e sociólogo Zygmunt Bauman, falecido em 2017. “Todo o modelo financeiro baseado no sistema norte-americano (adquirente, subadquirente, emissor, bandeiras etc.), isso está indo por água abaixo. Como acontece na China, já temos uma experiência financeira mais simples. E isso chegará aqui um dia”.

O executivo da Accenture acredita que o motivo para essa experiência mais ‘solta’ não chegar com mais velocidade é a regulação. Ainda assim, ele frisa que os bancos centrais de países ao redor do globo, inclusive do Brasil, estão mudando. Isto acontece pelo fato de as instituições reguladoras entenderem este segmento e incentivarem a competição no setor, uma ação que fomenta o desenvolvimento de novas fintechs.

“Hoje não precisa ser banco para oferecer serviços financeiros, estamos vivendo a era do unbundling (era do desmembramento, na tradução livre do inglês). Basta ver as grandes empresas de tecnologia se aventurando neste setor, como Google, Amazon, Facebook, Apple, Tencent, Alibaba, Baidu e Rakuten”, disse o diretor da Accenture. “Hoje na Europa, um terço das novas receitas com serviços financeiros vão para as fintechs. Ou seja, nós começamos a ver de fato fintechs comendo receita dos bancos tradicionais”.

Experiências são vitais

Outro tema abordado por Guilherme Horn foi o tipo de experiência que as fintechs devem entregar para os clientes. Em sua visão, as startups financeiras estão bem avançadas no customer centricity (foco no cliente, na tradução para o português), algo mais difícil em bancos tradicionais, que possuem mais dificuldades para criar e aperfeiçoar seus produtos.

Isso pôde ser visto em uma pesquisa recente da Accenture que mostrou uma expectativa dos brasileiros com serviços financeiros superior ao resto do mundo: 80% Brasil contra 63% mundo em bancos; 78% e 64% em seguros; e 84% ante 73% em conselhos de investimentos. Segundo Rafael Felippe, especialista de mercado financeiro no Google, os números desta análise demonstram que os brasileiros esperam uma experiência “muito alta”, quando comparados ao resto mundo.

“O ponto de experiência é o diferencial. Existe uma grande lacuna entre os bancos tradicionais e as fintechs”, disse Felippe. “A receita para o sucesso das fintechs é entregar uma boa experiência, valor para o usuário e ter uma rápida evolução dos seus produtos”.

O executivo do Google explicou que, segundo análises prévias a partir do seu motor de busca, pelo menos quatro categorias de serviços devem crescer no setor financeiro em 2019: câmbio, com 18% de incremento nas buscas; conta corrente, com 6%, serviços PJ, 5%; e crédito, entre 1% e 8%.

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