| Publicada no Teletime | Em declaração conjunta que reuniu 13 das maiores operadoras da Europa, o setor de telecom do continente defendeu um “reequilíbrio” na relação com gigantes de Internet – que poderiam passar a ser responsáveis por parte dos custos de rede, segundo as teles.
Publicada nesta segunda-feira, 29, a carta é apoiada por Telefónica (controladora da brasileira Vivo), Deutsche Telekom, Vodafone, BT, Orange, Swisscom, Telia, Altice, KPN, Telenor, Proximus, Vivacom e Telekom Austria. Dona da TIM e em período turbulento, a Telecom Italia ficou de fora.
“Parte grande e crescente do tráfego da rede é gerada e monetizada por grandes plataformas de tecnologia, mas requer um investimento de rede intensivo, contínuo e planejamento por parte da setor de telecom. Este modelo – que permite aos cidadãos da União Europeia desfrutar da transformação digital – só pode ser sustentável se essas grandes plataformas de tecnologia também contribuírem de forma justa para os custos de rede”, afirmou o documento.
O apelo aos reguladores do bloco foi acompanhado da estimativa de 52,5 bilhões de euros em investimentos alocados pelo setor em 2020 (segundo dados da Analysys Mason), no maior volume em seis anos. O aporte envolve redes 5G, de fibra óptica, cabo, Open RAN, edge cloud e serviços.
Mudanças
Outras demandas também foram endereçadas pelo grupo de teles. Entre elas, mudanças na política local de concorrência, sobretudo para viabilizar acordos de compartilhamento, colaboração e ganhos de escala.
Em paralelo, as operadoras também solicitaram alterações regulatórias que permitam a aceleração de investimentos pela cadeia. O setor estima uma exigência de 300 bilhões de euros em capex para os próximos anos.
“A regulamentação deve refletir totalmente as realidades do mercado, agora e no futuro. Ou seja, que as operadoras de telecomunicações competem frente a frente com os serviços das gigantes de tecnologia, no contexto de mercados vibrantes. Preços de alto espectro e leilões que forçam artificialmente entrantes insustentáveis no mercado têm de acabar”, defenderam as teles europeias.
Neste sentido, uma das propostas cogitadas pelo bloco e criticadas pelas empresas é a regulação dos preços de varejo para chamadas internacionais na União Europeia. A intervenção no “mercado competitivo onde existem muitas alternativas gratuitas” poderia retirar 2 bilhões de euros em receitas das operadoras em quatro anos, segundo cálculo do grupo.
A cobrança do setor de telecom por uma simetria com as regras seguidas por gigantes de Internet não é exclusividade da Europa. No Brasil, as principais operadoras da cadeia também têm defendido um novo pacto digital que diminua diferenciações entre o setor e as big techs.