A diretora de parcerias do Google Play na América Latina, Regina Chamma, afirmou que a indústria de mobile é tão importante para o Brasil quanto outros setores, como a manufatura, hotelaria e turismo. O posicionamento da executiva se baseia na prévia do Relatório de Impacto Econômico de Android e Play que indica um impacto de 0,89% no PIB brasileiro do ecossistema Android em 2022, o equivalente a R$ 88 bilhões.
“A minha ideia é pegar (a pesquisa), colocar debaixo do braço e levar para Brasília. Mobile é uma indústria, como a siderúrgica, a hotelaria e o turismo. Mas a gente precisa da ajuda dos desenvolvedores para criar uma cultura que as tecnologias móveis gerem emprego e dinheiro. Mexeu com quase 1% do PIB no ano passado”, explicou Chamma.
A executiva tem uma posição otimista e acredita que os investimentos do Google no Brasil e os dados corroboram para mudar a visão do governo e criar políticas públicas em prol das tecnologias móveis.
Feito com dados históricos de 2017 a 2022, o estudo foi encomendado pela empresa junto à Access Partnership e revelou que o ecossistema colaborou com R$ 382 bilhões para a economia nacional nesses cinco anos. Além disso, a indústria de apps ligada ao sistema operacional tem 238 mil pessoas em trabalhos diretos, indiretos ou secundários.
Em outro trecho do relatório, com entrevistas realizadas com 500 usuários, 59% dos consumidores disseram que usaram dispositivos Android para receber auxílio financeiro da Caixa ou de outros apps durante a Covid-19; 65% afirmam que seria mais difícil usarem serviços de saúde sem dispositivos Android; e 82% dos usuários Android acessaram materiais educacionais durante a crise pandêmica em seus handsets.
Visão
Para Daniel Trócoli, head de parcerias e games do Google Play na América Latina, um problema é o fato de que muitos desenvolvedores não conhecem o potencial financeiro das plataformas móveis. Entre os argumentos, o executivo lembrou que um terço da população utiliza esses dispositivos e, por ser global, permite explorar diversos mercados.
Entre os exemplos de desenvolvedores que não conheciam o potencial do mobile estão dois produtores de jogos que receberam aporte do Indie Games Fund (IGF), o fundo de investimento do Google para jogos móveis latino-americanos que tem um caixa de US$ 2 milhões por edição para dez estúdios e está em sua segunda edição.
Filipe Pereira, CEO e produtor da Aoca Game Labs, explicou que a sua startup tinha o sonho de lançar um jogo com conteúdo histórico brasileiro para PC e Console. Mas a pandemia complicou e o estúdio não conseguiu manter o time. Foi quando escolheram entrar e foram aceitos nos programas de apoio do Google: Black Founders Fund, o Indie Games Accelerator (aceleração) e o IGF.
“A grana foi só o começo das mudanças”, disse Pereira, ao lembrar que não nasceram em um ambiente mobile, mas se adaptaram bem. “Não somos mobile-first, mas olhamos o mobile com mais importância que o PC e console. Estamos recebendo hoje uma premiação do Game Pass, Best Of, em mais de 15 lojas no mundo inteiro”, completou ao lembrar do game Arida, sobre questões estruturais brasileiras.
Por sua vez, Tulio Mendes, diretor criativo e de artes na Glitch Factory, disse que lançou o Bravery, primeiro jogo para PC na Steam em 2022. Mas não teve sucesso de vendas, embora tenha sido considerado o melhor jogo brasileiro de 2022 na loja online. A versão mobile também tinha erros. Como efeito, a equipe diminuiu de oito para duas pessoas. Após receber o aporte do fundo, a startup recebeu uma revisão da equipe do Unity e corrigiu os problemas do app.
“Finalmente com o Google, nós conseguimos ver o impacto que o jogo deveria ter. Assim como o Arida, o Bravery fala de uma mensagem importante, o abandono paterno. Mas colocamos como parte da fantasia do jogo para ter mais impacto”, explicou Mendes. “Com o crescimento no mobile, vamos lançar mais dois jogos, uma continuação do Bravery e outro que é focado em mobile”, completou, ao dizer que o time voltou a ter oito pessoas e deve chegar a dez com a contratação de mais duas pessoas.
Imagem principal: Regina Chamma, diretora de parcerias do Google Play na América Latina (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)