Qual a melhor frequência para as utilities implementarem redes privativas para serviços de missão crítica no Brasil? Há várias opções, como 250 MHz, 410 MHz, 450 MHz e 700 MHz, e bons argumentos pró e contra cada uma delas. Esse foi um dos debates que mais marcaram a edição deste ano do UTCAL Summit, evento realizado esta semana no Rio de Janeiro.
250 MHz
A CPFL é uma das que prefere a faixa de 250 MHz. A empresa de energia elétrica montou uma rede LTE com equipamentos da Tropico nessa faixa na região de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, para automação de religadores de eletricidade. A empresa argumenta que essa é a faixa que garante maior segurança jurídico-regulatória, já que as de 410 MHz e 450 MHz ainda não estão destinadas oficialmente para o uso em SLP (Serviço Limitado Privado). Outra vantagem é haver mais espectro livre que na faixa de 700 MHz. A principal desvantagem é não ser uma faixa padronizada pelo 3GPP e, consequentemente, ter menos variedade de dispositivos.
“A faixa de 250 MHz é a única que podemos adotar com segurança jurídica. Mas torço para que as de 410 MHz e 450 MHz também sirvam. Quanto mais possibilidades de frequências disponíveis, melhor”, disse Ciro Faccini, engenheiro sênior de telecom da CPFL.
410 MHz e 450 MHz
As faixas de 410 MHz e 450 MHz são padronizadas pelo 3GPP, mas ainda aguardam as especificações técnicas da Anatel para sua destinação para SLP. Enquanto isso, já há utilities utilizando a de 410 MHz para redes privativas em 4G, como a Neoenergia.
A faixa de 450 MHz é a preferida do presidente da UTCAL, Dymitr Wajsman. Ele argumenta que essa faixa pode ser usada tanto para soluções de controle de rede quanto para comunicação de equipes em campo, tendo uma boa relação entre cobertura e capacidade de transmissão.
700 MHz
A faixa de 700 MHz, por sua vez, é recomendada pela Huawei. “Essa faixa tem um ecossistema desenvolvido e requer um investimento marginal para criar novas aplicações”, disse o diretor de relações governamentais e assuntos regulatórios da Huawei, Carlos Lauria. “É uma banda mais de cobertura. Porém, para aplicações de utilities, em que muitas vezes não se precisa de alta velocidade ou baixa latência, o custo/benefício é bom”, argumentou.
Uma desvantagem seria a falta de espectro livre em 700 MHz, apontaram outras fontes. Além disso, Adrian Grilli, secretário do Conselho Europeu de Utilities de Telecom (EUTC), comentou que na Europa as utilities não pedem a faixa de 700 MHz para evitar uma briga com as operadoras móveis.
Altas frequências
Por fim, John Yaldwyn, CTO da 4RF, defendeu que as utilities não devem se contentar apenas com espectro abaixo de 1 GHz porque surgirão aplicações futuras que demandarão mais banda, como manutenção com realidade aumentada, e videomonitoramento de subestações com inteligência artificial na análise de imagens. Por isso, é importante lutarem também por faixas mais altas que poderão ser usadas com 5G.