A disputa entre Telegram (Android, iOS, Windows Phone) e o governo russo ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira, 30. De acordo com a BBC, o órgão regulador de comunicações da Rússia pediu para Apple tirar o aplicativo de mensageria da App Store russa. Na ação, a entidade russa solicitou que a empresa norte-americana retire o app da loja em até um mês.
A iniciativa do regulador russo acontece após várias fracassadas tentativas de bloquear o app, inclusive com ações na Corte Suprema do país. Esta celeuma entre Rússia e Telegram ocorre devido ao serviço de inteligência FSB (antiga KGB). A agência de espionagem pediu acesso às chaves de criptografia da plataforma de mensageria, mas a empresa se negou, dizendo que protege a privacidade de seus usuários.
O Telegram é bastante popular na Rússia. Esse suporte foi demonstrado recentemente. Uma manifestação em prol do app e da liberdade na Internet contou com a presença de 12 mil pessoas no centro de Moscou, no final de abril. No mundo, o Telegram possui mais de 200 milhões de usuários ativos mensais, segundo relatório da empresa apresentado em março. No Brasil, de acordo com a mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel, o Telegram está instalado em 15% dos smartphones de internautas brasileiros.
Ainda assim, o cenário não é muito favorável à companhia. O governo russo já ganhou ações na Justiça contra o Telegram, o app não é atualizado na App Store desde abril – quando a crise atingiu seu pico – e o histórico da Apple demonstra que ela pode aceitar o pedido do governo, uma vez que bloqueou recentemente apps de redes virtuais privadas (VPNs) na China – usados para burlar o Firewall chinês que proíbe acesso dos usuários a aplicativos proibidos, como àqueles pertencentes ao Google.
Briga antiga
Vale lembrar, o Telegram é um app de origem russa e foi criado pelos irmãos Pavel e Nikolai Durov, fundadores de outro sucesso da Internet russa, a rede social VK. A briga dos Durov com o governo Putin vem desde 2014, quando Pavel fora demitido do comando da VK por suposto apoio ao governo ucraniano, algo que foi provado ser piada de 1º de abril. Contudo, o estrago estava feito. O governo russo pedira dados dos usuários do VK aos Durov, que se negaram e foram sacados da companhia. No lugar deles, o conselho da VK colocou aliados do presidente Vladimir Putin. Curiosamente, nota-se que, além da coincidência do tipo de ação – requisição de acesso à informações dos usuários -, os problemas de Durov com o governo russo acontecem sempre em abril.