A maioria dos caminhoneiros autônomos estão parados em casa e dispostos a manter os braços cruzados enquanto suas reivindicações não forem atendidas. É o que indica uma pesquisa feita pelo app TruckPad (Android), em parceria com Mobile Time, para a qual foram entrevistados 1.199 motoristas entre a tarde da última terça-feira, 29, e a manhã desta quarta-feira, 30. De acordo com o levantamento, 71% estão parados em casa; 25% estão parados na estrada, como parte da manifestação; e apenas 4% estão rodando normalmente.
O dado chama a atenção para a existência de uma grande e silenciosa massa de participantes da paralisação que não estão sendo ouvidos pelos demais meios de comunicação e muito menos pelo governo. Ou seja, os bloqueios nas estradas são apenas a ponta do iceberg. Há uma enorme quantidade de motoristas autônomos engajados com a manifestação, mas que estão em casa, acompanhando o desenrolar dos acontecimentos pelos grupos de WhatsApp e pela TV.
Dentre os que estão parados, seja na estrada ou em casa, 75% afirmam que continuarão de braços cruzados “o tempo que for preciso para alcançar suas reivindicações”. 18% prefeririam já ter retomado o trabalho. E 7% vão manter a paralisação somente por mais alguns dias.
Sobre quanto tempo mais acreditam que a paralisação vai durar, 61% acham que vai continuar “o tempo que for preciso”; 30% apostam que será só por mais alguns dias; 7%, mais uma semana; e 2%, mais um mês.
Reivindicações
E o que falta afinal para a paralisação ser encerrada? Em uma lista de múltipla escolha em que os entrevistados podiam marcar mais de uma opção, as principais demandas são uma redução maior no preço do diesel e o controle deste a longo prazo. Pautas de ordem política também aparecem com adesão significativa. Veja abaixo os resultados:
. Uma redução maior no preço do diesel – 58%
. Mais garantias de que o preço do diesel será controlado a longo prazo – 50%
. Criação de um preço mínimo para o frete – 46%
. Renúncia do presidente Michel Temer – 40%
. Intervenção militar no governo federal – 39%
. Mais garantias de que a redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel vai mesmo acontecer – 31%
. Fim do pedágio para caminhoneiros autônomos – 29%
. Criação de um fundo de amparo ao transportador autônomo – 26%
. Demissão de Pedro Parente, presidente da Petrobras – 26%
Mobile
O telefone celular desempenha um papel fundamental na organização do movimento. 50% dos entrevistados declaram que ficaram sabendo da paralisação através do WhatsApp. 20% souberam ao serem parados na estrada; 9%, pelo Facebook; 4%, por ligação telefônica; 3%, em um posto de combustível; 1%, por sindicatos ou associações; e 12%, de outras formas.
Os pontos de concentração nas estradas acontecem perto de pequenos centros comerciais e postos de gasolina, onde em geral há cobertura de telefonia móvel ou Wi-Fi, o que permite que os caminhoneiros permaneçam conectados, acompanhando as notícias, comenta Carlos Mira, CEO da TruckPad. “Antigamente, para abrir um posto de gasolina na estrada bastava ter água e eletricidade. Agora, tem que ter Internet”, relata o executivo.
Autônomos
O TruckPad é um app que funciona como um marketplace, conectando caminhoneiros a empresas que precisam transportar cargas. O aplicativo tem mais de 700 mil downloads e 350 mil motoristas cadastrados. A maioria deles são autônomos, pois a ferramenta é voltada para esse tipo de profissional, que tem seu próprio caminhão. Mira estima que os autônomos representam aproximadamente 40% da base de caminhoneiros do Brasil.
Dos entrevistados nesta pesquisa, 82% se declaram autônomos; 11% trabalham para transportadoras; e 7% são agregados/dedicados (quando é dono do caminhão mas trabalha especificamente para uma empresa).
A esmagadora maioria dos entrevistados (96%) não fazem parte de nenhum sindicato ou associação. Apenas 4% declaram vínculo com algum grupo desse tipo.
Canal de comunicação
O fato de a paralisação ser organizada de maneira horizontal, sem hierarquia ou líderes claros, dificulta a negociação com o governo. Também não existe um único grupo de WhatsApp: são dezenas deles. Com o intuito de contribuir para o diálogo, Mira se dispõe a oferecer o TruckPad como um canal de comunicação entre as partes, nas busca de uma solução para a crise. O app pode enviar notificações para os caminhoneiros, realizar pesquisas (como esta feita em parceria com Mobile Time) e até encaminhar vídeos para seus usuários.