Satisfeita com o crescimento apresentado pela Telefônica Brasil em seu resultado financeiro do segundo trimestre, a matriz espanhola acredita que pode seguir com a tendência em médio prazo. Segundo declarou o CFO da Telefónica, Ángel Vilá, durante teleconferência para analistas nesta quinta, 30, a economia pode até mostrar desaquecimento, mas o horizonte é positivo. "É difícil em um cenário macro com desaceleração, teve ajuste fiscal, contração social e do PIB, mas o novo projeto político está comprometido com alguns ajustes e correção de balanço financeiro e estrutural (da economia), então temos confiança para investir e expandir o crescimento", disse. "Mesmo com o recuo, permanecemos positivos".
O CEO da Telefónica, César Alierta, concorda. Ele ressalta que a operação fixa em São Paulo mostrou crescimento em receita pela primeira vez desde 2008. "É prova do nosso investimento em qualidade, em fibra, em atualizar a oferta (de portfólio) e em investir em TV", declara, afirmando que a entidade combinada da Telefônica/Vivo com a GVT conseguiu capturar 93% do crescimento líquido do mercado de TV no trimestre. "Do ponto de vista operacional, as possibilidades de combinar forças de vendas e a atuação fora de São Paulo, onde não tínhamos (serviço) fixo, ficamos imediatamente mais poderosos", comemora.
Por conta desse desempenho e da fusão, Ángel Vilá acredita ter "a melhor combinação de ativos e gestão no País". Isso não significa, no entanto, que a companhia não esteja aberta a eventual nova consolidação. "Continuamos a acreditar nos potenciais de mais sinergias com até mais consolidação no mercado", destacou. No entanto, na teleconferência da quarta-feira, o presidente da Telefônica Brasil, Amos Genish, refutou especulação sobre uma eventual aquisição da operação da DirecTV no Brasil caso a AT&T, nova controladora da operadora de DTH, colocasse o ativo a vida. "Não estou sabendo de venda da DirecTV e não temos muito o que falar disso", disse ele na ocasião. Ele ressaltou ainda que a operação de satélite (além do DTH da GVT) daria "vantagem para atacar uma base", mas se disse confiante na evolução da oferta de fibra e IPTV.
Atuação internacional
Em seu mercado doméstico, os executivos da Telefónica se mostram confortáveis com as novas regras do Mercado Único Digital de telecomunicações, projeto da Comissão Europeia aprovado em junho pelo Parlamento Europeu. "A Comissão entendeu que o fim do roaming precisou ser atrasado por mais alguns trimestres e que a redução tem de ser progressiva", declarou o COO do grupo espanhol, José María Álvarez-Pallete, nesta quinta-feira.
Ele elogiou ainda a definição de neutralidade de rede na Agenda Digital, que basicamente proíbe bloqueio ou estrangulamento do tráfego de conteúdo online, aplicativos e serviços, mas permite exceções e, com isso, diversas interpretações. "Temos um framework para trabalhar e isso nos permite ir em frente com a otimização e gerenciamento de rede sem provocar perda e qualidade do lado do consumidor", comemorou.
Álvarez-Pallete, no entanto, afirma que a Comissão Europeia ainda precisa endereçar pontos, como definição de interoperabilidade entre os países do bloco. Sobretudo, reclama da quantidade de operadoras – inclusive virtuais – no continente e da competição das empresas over-the-top. "A regulação deve contemplar ambas as situações", reitera.