Depois dos carros autônomos, agora é a vez dos caminhões sem motorista chegarem às ruas das cidades. A Scania e a USP – por meio de sua Escola de Engenharia de São Carlos e do Instituto de Ciência Matemáticas e de Computação (ICMC) – estão realizando um projeto para aplicar a tecnologia em um caminhão do modelo G360 6×4.

Após dois anos de pesquisas e R$ 1,2 milhão de investimento, o projeto colocou pela primeira vez o utilitário para testes do público na última semana nas ruas de São Carlos, cidade do interior paulista, neste primeiro modelo de teste na América Latina.

Em conversa com MOBILE TIME, o professor do ICMC e um dos coordenadores do projeto, Denis Wolf, revelou que o projeto foi realizado em quatro etapas:  adoção de pequenos motores para controlar a barra de direção e os freios; instalação de um sistema eletrônico para controlar a velocidade do veículo; uso de sensores comerciais para auxiliar na dirigibilidade; e os softwares de interação, que são a parte mais crítica do projeto.

“Toda inovação está nos programas de computador”, explicou Wolf. “No trânsito, o motorista não só precisa tomar decisões complexas, mas elas devem ser decididas em centésimos de segundo para enviar o comando correto e evitar um acidente. O software deve fazer o mesmo, e por isso ele é uma solução original”.

Nos testes, o veículo é controlado por um desktop dentro dele que traça a sua rota, mas também pode ter seu destino definido através de um dispositivo móvel. Seguindo caminho por um sistema de GPS, ele identifica o caminho por meio de um “trilho virtual” e segue por este até seu destino final. O caminhão pode ter um motorista e um pesquisador em sua cabine. Ou apenas o pesquisador, para acompanhar o desenvolvimento do veículo nas ruas de São Carlos ou do campus da universidade.

Próximas etapas

Embora esteja em testes, Wolf explica que o intuito do projeto é para o caminhão no futuro ter uso comercial. O professor e sua equipe escolheram usar sensores (radares) mais baratos que outro projeto de veículo autônomo da USP São Carlos, o CARINA, com um carro Palio Weekend.

“Um único sensor do Carina, a laser, custa por volta de US$ 50 mil, o dobro do carro. No caso do caminhão, nós utilizamos um sistema de radares que custa US$ 10 mil”, afirmou o professor. “O projeto de caminhão é completamente diferente, dadas as dificuldades de dirigir um veículo dessa projeção. Foi preciso pensar em como usá-lo em público”.

Além de contar com três professores em sua equipe, oito alunos da graduação e da pós-graduação da universidade de São Carlos também fazem do projeto. Para a próxima etapa, Wolf explica que deve transformar o caminhão em um veículo conectado.

“A conectividade é a próxima etapa. Um veículo autônomo tem um potencial muito grande: seja para auxiliar um motorista em uma viagem longa ou alertar idosos sobre obstáculos no trânsito”, indicou o acadêmico.

 

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