O Google anunciou nesta terça-feira, 30, a chegada de pagamentos com Pix diretamente em sua Carteira (Android). Em parceria com C6 Bank (AndroidiOS) e PicPay (AndroidiOS), a solução será liberada para uma pequena base de correntistas e, em ondas, a empresa liberará o acesso para que as companhias entendam o comportamento do consumidor até chegar à sua totalidade de clientes.

Dentro da wallet, o cliente poderá usar o o pagamento instantâneo em três formatos:

  • Transferência com chave;
  • Leitura de QR code, inclusive em máquinas de cartão de qualquer adquirente;
  • Copiar e colar.

Dentro da Carteira, o fluxo de cadastro tem verificação de identidade e vínculo de conta, e o app Carteira e da instituição precisam ficar no mesmo handset. Além disso, a ideia é permitir que o cliente gerencie suas contas em um único lugar.

O Google acredita que a solução traz uma proposta de valor para o usuário, uma vez que a wallet é 100% digital e voltada para o brasileiro e tem outros itens úteis, como cartão de embarque de voo e bilhete de metrô em São Paulo e Bahia.

As transações têm um limite menor neste começo, mas o Google e os participantes não confirmaram de quanto é o valor neste momento.

Com relação ao modelo de negócio, a big tech não cobra do usuário e nem do parceiro. “Queremos melhorar a experiência e gerar valor na cadeia de produtos. Logo, não há planos de monetização”, reforçou Elisa Joia, head de operações de pagamentos do Google Pay para a América Latina.

Ecossistema da Carteira

mulher branca em frente a um telão

O cronograma do Pix na Carteira do Google segundo Elisa Joia, head de operações de pagamentos do Google Pay para a América Latina (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

O Google iniciou o processo para ser iniciador de pagamento ainda em 2022, quando obteve a licença obtida via Banco Central e, no ano seguinte, recebeu autorização para oferecer transações com Pix. Por sua vez, as instituições financeiras são as liquidantes da transação do cliente. Todo esse arcabouço acontece dentro do open finance.

“Participar do open finance é um balizador de segurança. Isso se reflete no usuário de algumas formas”, disse a executiva do Google. Joia recordou que o Google participou do grupo de trabalho do sistema financeiro aberto nos últimos dois anos, ao lado dos demais participantes do ecossistema.

Joia explicou que há especificações técnicas do Google para o ecossistema, certificações de segurança, como a certificação para participação do arranjo Pix e criptografia com padrão internacional. Mais especificamente, o Google compartilha com as instituições as informações de pagamento, a ordem de pagamento e sinais de riscos.

“Toda transação passa por autenticação de aparelho, ou seja, há o vetor de risco da instituição para aprovar ou não. Tem solução de criptografia para confirmar se é aquele usuário com aquele aparelho. Temos canal de reporte para o usuário avaliar fraude”, completou Joia.

A head da companhia afirmou que o Pix na Carteira teve apoio também da equipe do Google nos EUA e de outras regiões, como o Google Índia, que já tem uma funcionalidade similar.

Evolução

Quatro pessoas conversando

Da esq. para dir: Maxnaum Gutierrez, head de produtos para pessoa física do C6 Bank; Pedro Romero, diretor de wallet e banking do PicPay; Raissa Coppola, gerente de comunicação do Google; Elisa Joia, head de operações de pagamentos do Google Pay para a América Latina (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

Pelo lado dos bancos parceiros, Pedro Romero, diretor de wallet e banking do PicPay, afirmou que a sua companhia foi a primeira a fazer transação de Pix na carteira, algo que é conhecido como “transferência sem redirecionamento com o Google”. Atualmente com uma em cada dez transações Pix começando ou terminando em sua plataforma, Romero disse que a iniciativa com o parceiro pode aumentar o mix do share do Pix em sua base de clientes.

Já Maxnaum Gutierrez, head de produtos para pessoa física do C6 Bank, acredita que o banco acompanha “a migração de todo ou qualquer instrumento físico levado ao celular” e que a Carteira do Google ajuda nesta jornada. O executivo deu como exemplo dessa jornada o fato de que dentro do C6 84% das transações são contactless (via wallet ou cartão). Também reforçou que o Pix na wallet do Google pode diminuir barreiras no comércio, uma vez que seu fluxo de transação é todo na carteira, não precisa sair, aprovar no app do banco e voltar.

Vale dizer, o Google ainda não tem data para uma evolução da Carteira com pagamento sem contato. Esse movimento foi puxado recentemente pelo Itaú, que confirmou na última segunda-feira, 29, a chegada do pagamento Pix por aproximação em seu app e maquininhas de cartão da Rede.

Joia, do Google, também afirmou que não há data definida para entrada de novos parceiros na Carteira, mas afirmou que há conversas. Tampouco há possibilidade de expansão para a América Latina. O apoio a comerciantes também não está no radar no momento.

O que Google, C6 e PicPay consideram para atrair usuários à Carteira são ações de incentivo, como cashback em transações.

Imagem principal: Elisa Joia, head de operações de pagamentos do Google Pay para a América Latina (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)