A demanda de grandes empresas pelo desenvolvimento de aplicativos móveis próprios diminuiu nos últimos dois anos quando comparado com o período da pandemia, quando houve um boom. Em vez de apps, as empresas estão se convencendo de que outras plataformas digitais podem ser mais apropriadas para atender as suas necessidades, como um portal na web ou um bot no WhatsApp. É o que indicam dados levantados pela Igma, empresa brasileira especializada no desenvolvimento de produtos digitais.

Igma, apps

Rubem Andrade, sócio-fundador da Igma (Crédito: Divulgação)

No primeiro semestre de 2020, por conta do isolamento da pandemia, houve uma corrida por transformação digital entre as empresas. Com isso, o número de pedidos de projetos recebidos pela Igma subiu 250%. Do total de pedidos recebidos naquele período, 84,5% era para o desenvolvimento de apps. Entre 2023 e 2024, a proporção de apps sobre o total de pedidos recebidos pela Igma caiu para 60%.

A proporção de apps, embora tenha diminuído, ainda é considerada alta pela Igma. Em 43% dos pedidos de apps nos últimos dois anos a empresa convenceu o cliente de que o melhor era apostar em outra plataforma digital. E em 94% dessas vezes o projeto substituto foi bem sucedido.

“Fazer um bom app é um investimento relativamente alto. Existe o custo de manutenção e de atualização para o app evoluir junto com o hardware. Será que app é a melhor solução? A empresa precisa pensar: será que o seu cliente quer baixar um app? Por que baixaria o seu app? Por que não utilizar plataformas em que o cliente já está?”, comenta Rubem Andrade, sócio-fundador da Igma, em conversa com Mobile Time.

Sócio-fundador da Igma: ainda existe glamour em torno dos apps

O executivo entende que existe uma pressão para que as empresas tenham apps. Essa pressão muitas vezes vem do conselho de administração, partindo de pessoas não necessariamente técnicas, e recaindo sobre CEOs e CIOs. Ele cita, por exemplo, o recente buzz em torno do conceito de “superapp”. “Essa é uma das palavras mais repetidas por CIOs hoje em dia”, comenta.

“Ainda existe um certo glamour em ter um app. Tem a ver com a sensação de propriedade. Assim como era no passado ter o seu próprio escritório. Ou ter seu próprio site. As empresas querem ter a sua logo estampada na App Store ou Google Play. É algo psicológico”, avalia.

Andrade entende que só vale a pena ter um app se for para prestar serviços de alta recorrência. E não precisa necessariamente ter muitos usuários: pode ser um app para os funcionários, por exemplo. Mas é preciso ter um ganho significativo na qualidade da experiência para valer a pena, em razão dos custos envolvidos.

Ilustração: Nik Neves para Mobile Time