| Publicada no Teletime | Um dos assuntos do momento no mundo das telecomunicações, a tecnologia de redes de acesso abertas (OpenRAN) tem dominado debates e eventos, especialmente depois do endosso do governo dos Estados Unidos como uma forma de competir com a China. Com isso, fornecedores tradicionais têm procurado também entrar nesse mercado. Não é o caso da chinesa Huawei, contudo.

Nesta semana, o CEO da companhia no Brasil, Sun Baocheng, disse que a OpenRAN ainda não está madura e necessita de mais debate. É o que pensa também o diretor de Soluções Integradas da Huawei do Brasil, Carlos Roseiro. Em conversa com o Teletime o diretor destacou que a lógica de que a solução aberta será mais barata não necessariamente se traduz na realidade se considerar o custo total de operação (TCO), que também leva em consideração o custo de manutenção e o desempenho.

Roseiro afirma que ainda não houve um caso sequer no mundo em que a tecnologia SingleRAN (ou seja, a tradicional para rede de acesso móvel) da Huawei tenha sido preterida a uma com abordagem OpenRAN. Também em questão de desempenho: ele cita relatos na mídia de que o consumo de energia do padrão aberto seria bem maior, e afirma que os algoritmos de cobertura são mais eficazes. “Espaço é custo, e os equipamentos que temos visto são de duas a três vezes maiores do que os da Huawei. E também em questão de escala, a Huawei tem o mercado chinês como base, e isso não tem paralelo no mundo.”

Estratégia

O diretor da companhia diz que não há nenhum teste ou intenção da Huawei produzir equipamento OpenRAN no momento. Perguntado sobre a movimentação de concorrentes como Nokia e Ericsson, Roseiro afirma são apenas abordagens diferentes na estratégia de produtos. E destaca que a fornecedora chinesa não é contra a tecnologia em si. “É muito bem vinda, vai estimular a concorrência e impulsionar a inovação”, coloca.

Para além da questão política da escolha de OpenRAN em vez de equipamentos da Huawei, há um argumento de que supostamente isso permitiria à operadora não ficar “presa” a apenas uma fornecedora. Roseiro justifica que se trata de negociações, e que as teles têm opções de contratar outras empresas. “Quando a Huawei é escolhida, ela foi comparada com outros, e o TCO fechou, foi melhor do que o de concorrentes”, defende.

“É do interesse da operadora também ter algum tipo de compromisso estratégico com o vendor. Porque realmente a parceria é otimizada de uma forma que acaba sendo benéfica”, declara.

Tecnologias existentes

Carlos Roseiro também coloca que muitas das tecnologias que têm sido associadas à OpenRAN, como virtualização de funções de rede, não são exclusivas desse tipo de rede. De fato, um dos carros chefe do Single RAN da Huawei é a de uso de cloud para virtualizar determinados recursos e funções de estações radiobase.

“O próprio site poderá ter equipamentos, e isso está no roadmap, com algumas das funções de sites compartilhadas. Elas podem estar em um data center e ele vai coordenar outros sites na região”, diz. “Isso tem alguns benefícios em termos de SLA, e se consegue garantir nível de serviço porque distribui a capacidade de um determinado número de sites”, explica Roseiro.

 

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