Os bancos que atendem empresas multinacionais de grande escala acreditam que as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) não são a bala de prata para facilitar as transações comerciais internacionais para essas companhias. A solução vai demorar para se concretizar por ainda existir alguns atritos que precisam ser resolvidos. E, por isso, apesar de conversas e do empenho de bancos centrais, as soluções para essas questões estão longe de acontecer, segundo Eric Pascal, diretor global, moedas digitais, gestão de caixa do Standard Chartered Bank. “Os sistemas operacionais escalonáveis transfronteiriços da CBDC vão demorar um pouco”, disse. “Precisamos da capacidade de gerenciar e movimentar enormes somas de capital quando precisarmos. Queremos dizer, o setor financeiro e não quando o Banco Central estiver aberto”, completou.
Para Pascal existem dois atritos básicos:
O primeiro deles é quanto à compensação do dinheiro, que fará com que essas instituições financeiras precisem se relacionar com uma infinidade de bancos mundo afora e bancos centrais.
A segunda é a disponibilidade de uma conectividade eficaz entre as CBDCs para que uma moeda possa ser facilmente transferida para moedas digitais. “É sobre a capacidade de gerir os horários em que os mercados transacionam. Como não funcionam 24/7, existem restrições significativas sobre o movimento do dinheiro, especialmente através das fronteiras”, explicou.
Interoperabilidade entre CBDCs
Durante evento online Desbloqueando o potencial de um ecossistema CBDC (Unlocking the potential of a CBDC ecosystem, em inglês), promovido pelo Instituto Monetário Digital (OMFIF) e Instituto Giesecke+Devrient, nesta quarta-feira, 31, Pascal contou que o Standard Chartered Bank está conversando com o Swift sobre o seu trabalho em interoperabilidade entre as CBDCs.
“É um trabalho muito importante porque, francamente, as CBDCs não podem operar no vácuo. Não apenas a escolha do protocolo, mas obviamente a escolha do tipo de relacionamento e da política em relação aos bancos centrais de um ponto de vista interno, mas também em termos de como eles estão gerenciando os instrumentos de política fiscal e monetária encontrados nas CBDCs”, resumiu. “São trilhões e trilhões de dólares em transações cambiais neste planeta por dia. Por dia”, completou.
Imagem: No centro, acima, está Eric Pascal, diretor global, moedas digitais, gestão de caixa do Standard Chartered Bank, durante evento sobre CBDC/Reprodução de vídeo