Por conta de desavenças entre a China e os Estados Unidos, empresas chinesas vêm sofrendo restrições no comércio internacional. Segundo Cesar Funes, vice-presidente de relações institucionais para América Latina da Huawei, o 5G é uma das tecnologias que mais sente os impactos disso, principalmente em relação aos smartphones. Ele compartilhou a perspectiva da companhia sobre o assunto em coletiva com jornalistas latino-americanos, nesta sexta-feira, 31.

“Nós estamos abertos para cooperação, queremos continuar trabalhando nisso. Queremos continuar fazendo negócios com qualquer ator de 5G, mas devido às restrições, temos vários países com os quais não podemos fazer negócios”, comentou. Por conta da situação delicada que a Huawei vive em relação às sanções relacionadas ao 5G, a companhia já não revela detalhes financeiros sobre os seus resultados com vendas de infraestrutura de quinta geração. Funes disse que a companhia não quer comprometer nenhum cliente, nem nenhum contrato.

Michael Chen, diretor de comunicação corporativa para América Latina, foi mais a fundo na questão, explicando que o fato de a Huawei não revelar números sobre o 5G vai além das restrições. O número de operadoras com infraestrutura 5G da Huawei costumava ser informado no seu relatório anual, quando se começou a implementação do 5G no mundo. Inicialmente, essa quantidade de contratos de 5G refletia a rapidez da disseminação da nova rede e revelava questões sobre o market share. Entretanto, à medida que o 5G avançou, isso deixou de ser tão significativo, pois não reflete mais o estado real do mercado.

“Normalmente, as grandes operadoras adotam uma estratégia de multifornecedores. Você não usa apenas equipamentos da Huawei, mas também usa equipamentos dos nossos concorrentes. Esses números não refletem mais essas diferenças como antes faziam. E também porque há diferenças em termos de tamanho dos contratos. Pode ser o mesmo número de contratos, mas o valor do contrato pode ser grande ou pequeno – e pode haver uma diferença imensa”, explicou.

Ao mesmo tempo, segundo Chen, o que a Huawei tem tentado fazer para manter uma vantagem competitiva e se diferenciar de suas concorrentes, mesmo com as restrições mundiais, é continuar a atualizar o seu portfólio de produtos constantemente. Mesmo os mais recentes de 5G, lançados há dois anos, vêm sendo melhorados. “Nós usamos materiais mais leves, mais eficientes em termos de energia, então são soluções melhores”, contou.

Ainda que sofra com os efeitos das restrições globais, os resultados dos negócios voltados a operadoras da Huawei, nos quais está incluso o 5G, tiveram um leve aumento. A receita desse segmento somou 284 bilhões de iuans (US$ 41,3 bilhões) em 2022, um aumento de 0,9% em relação a 2021. Pela primeira vez no relatório anual, a companhia também detalhou qual foi a receita com vendas de infraestrutura TIC no geral – 354 bilhões de iuans (US$ 51,5 bilhões).

No relatório anual, publicado nesta sexta-feira, 31, a Huawei informou que o lucro líquido da companhia, em 2022, foi de 35,6 bilhões de yuans (US$ 5,18 bilhões), uma queda de 69% em relação a 2021. Trata-se do maior declínio anual desde 2011, de acordo com cálculos da CNBC. Além das sanções, a companhia culpou os resultados pelo aumento no preço de commodities e os rígidos controles pandêmicos da China, em 2022. Contudo, ela também salientou que o resultado negativo se explica pela venda da Honor, em 2021, que inflou o lucro naquele ano – gerando uma discrepância significativa no resultado do ano seguinte, 2022.

 

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