| Originalmente publicada no Teletime | Finalmente aconteceu o que já era esperado há alguns anos: o grupo Globo anunciou nesta segunda, dia 31, o lançamento de seus canais de TV por assinatura no modelo de venda direta ao consumidor. A estratégia faz parte de uma nova oferta e de uma grande atualização do serviço Globoplay. A oferta chamada de Globoplay + Canais ao Vivo terá todos os canais de TV paga do grupo (os antigos canais Globosat), empacotados em conjunto com a TV Globo, o canal Futura e os conteúdos sob-demanda que já estavam disponíveis no Globoplay por R$ 49,90. Ainda é possível comprar os canais adicionais (add-on) Premiere e Combate, e fazer um combo de assinatura com o Telecine (que tem uma plataforma separada).
Os canais que entram no pacote são Globonews, Multishow, GNT, Viva, SporTV (todos), Off, Gloob, Gloobinho, BIS e Mais. Também entram no pacote Universal, Studio, SyFy, Megapix e Canal Brasil, canais em que a Globo é sócia por joint-venture.
Erick Bretas, diretor de Produtos e Serviços Digitais da Globo, executivo responsável pelo Globoplay, explica que a estratégia consolida o conceito de “all-in-one” que caracteriza o serviço desde a sua concepção. “A gente sempre teve esta proposta de agregar os conteúdos ao vivo e linear ao on-demand. A TV Globo já podia ser assistida dentro do Globoplay, e agora acrescentamos os canais”, diz.
Paulo Marinho, diretor de Canais Globo, responsável pelos canais lineares do grupo, reforça a importância do lançamento dos canais pelo Globoplay. “É um marco importante que reforça a estratégia da empresa, de ter seu conteúdo disponível em todas as plataformas”. Ele explica que o modelo adotado com o Globoplay de precificação e empacotamento segue a mesma lógica da oferta aos parceiros de TV por assinatura, assegurando uma simetria competitiva, e ressalta que o objetivo dos canais é chegar aos “cord cutters” (aqueles que por alguma razão abriram mão da TV por assinatura tradicional) ou aos “cord nevers” (uma geração que não quer ter TV por assinatura no modelo completo), além de reforçar um diferencial da plataforma Globoplay frente aos concorrentes internacionais.
Bretas também reforça a estratégia com um argumento numérico: a demanda dos consumidores. Mesmo não abrindo números de assinantes, o executivo diz que 2/3 de sua base hoje já é de consumidores pagos (o pacote custa R$ 29,90) e que houve um crescimento de 145% na base de usuários do serviço no primeiro semestre do ano, que consumiram 789 milhões de horas de conteúdos (um aumento de 24%). “Os consumidores querem mais oferta, e um serviço OTT não precisa ser apenas de conteúdos sob-demanda. Dá para ser diferente”, diz.
A partir de 1º de setembro os assinantes do Globoplay recebem a opção de fazer o upgrade de plano com os canais ao vivo, e a partir de 1º de outubro ele passa a ser ofertado a novos assinantes.
Novas funcionalidades e nova comunicação
Como parte da estratégia, o Globoplay acrescentou novas funcionalidades de busca para incluir os conteúdos dos canais, e passou a organizar o conteúdo de várias maneiras: trilhos de categorias, trilhos de gêneros e páginas especializadas para novelas, eventos específicos e canais, além de os resultados das buscas já incluírem os conteúdos ao vivo também.
Outra funcionalidade é a de cloud DVR, em que os conteúdos dos canais estão sempre disponíveis para serem retroagidos em até 4 horas (exceto TV Globo, que é de 1,5 hora).
O Globoplay também ganha uma reestilização da marca, com um novo logotipo e a aplicação de cores em degradê, com uma nova comunicação visual remetendo ao uso em várias telas e plataformas.
O canal Premiere será oferecido aos assinantes do Globoplay por R$ 79,90 ao mês, mesmo valor do Combate. Segundo Paulo Marinho, o conteúdo é o mesmo daquele existente na TV paga. Para Erick Bretas, nada impede de que, no futuro, o Globoplay também tenha eventos ao vivo, conteúdos exclusivos, mas isso não está sendo pensado nesse primeiro momento. “Entendemos que a oferta dos canais SporTV e Premiere é bastante completa e traz valor ao produto”.
Várias plataformas
Um dos grandes desafios do Globoplay é garantir a experiência e as funcionalidades no ambiente de TVs conectadas, que segundo Bretas representa 50% do consumo de conteúdos. Segundo Raymundo Barros, diretor de tecnologia da Globo, há duas variáveis principais: a existência de um acordo prévio que garanta o aplicativo pré-embarcado no televisor e já integrado, com reserva de memória e capacidade de processamento, e a possibilidade de uso de DRM, para controle de direitos.
Nem toda as marcas e sistemas operacionais de TV têm a possibilidade e DRM, mas o desenvolvimento está otimizado para as gerações mais recentes de TVs da Samsung, LG, TVs com Android TV, Roku TV e na Apple TV. A Globo ainda não tem acordo com a Amazon, e gerações mais antigas de televisores com sistemas proprietários Samsung Orsay, LG Netcast, Philco, Philips e Sony devem receber versões simplificadas.
Nos acordos para conteúdos pré-embarcados, a Globo ainda aposta na integração com o DTV para uso integrado de recursos de interatividade de TV digital aberta e conteúdos pela Internet, e a tendência é que essa integração aumente à medida que novos televisores tenham o Ginga D embarcado, o que está previsto para um percentual dos televisores vendidos a partir de 2021 (30%).
Perguntados se o Globoplay poderia ser embarcado nas plataformas de TV paga como um serviço adicional, Bretas diz que isso depende de negociação de caso a caso, mas que para as operadoras de TV paga tradicionais o serviço Globosat Play continuará existindo como uma ferramenta de TV everywhere, rebatizado apenas de Canais Globo, e compartilhando praticamente as mesmas funcionalidades do Globoplay.