Leis municipais que hoje impedem ou dificultam a instalação de novas antenas celulares serão um obstáculo a ser superado se o Brasil quiser acompanhar o resto do mundo na evolução das redes móveis para o 5G. O alerta parte do CTO da TIM, Leonardo Capdeville. “Se a gente não evoluir o número de antenas no Brasil, o 5G vai virar um sonho, um delírio”, comentou, em entrevista para Mobile Time durante a Futurecom.
Como o 5G usará uma combinação de frequências que incluirá faixas altas, será necessário instalar uma grande quantidade de novas antenas de pequeno porte para garantir a cobertura – quanto mais alta a frequência, menor o raio de alcance das ondas. Um recente estudo feito em Nova Iorque demonstrou que a cidade americana, por exemplo, precisaria de 500 vezes mais antenas do que tem hoje para garantir uma cobertura contínua com ondas milimétricasno 5G.
No Brasil, há cidades que impõem restrições que inviabilizariam a implementação de uma rede 5G. “Em Belo Horizonte e Goiânia não instalamos antenas novas há quatro anos, por causa de leis locais. Imagina isso no 5G?”, relata Capdeville.
A cobertura 4G também é impactada negativamente por leis municipais. O Brasil hoje, proporcionalmente, tem menos antenas do que vários outros países. Cada operadora que atua no País tem em média 17 mil torres. Na Itália e na Espanha, que são países com uma população próxima a São Paulo, cada tele tem 25 mil antenas. Na China, há mais de 1,5 milhão de torres.
“Se entendemos que a conectividade é um aspecto estratégico para um país, esta é uma barreira que precisamos sobrepor”, diz o executivo.
De todo modo, enquanto esse problema não é resolvido, Capdeville recomenda que as teles sigam investindo em 4G, porque sua rede servirá de base para o 5G. “Precisamos pensar nesse modelo futuro sem perder o foco de que o momento é do 4G e vai continuar sendo pelos próximos cinco a sete anos, sem dúvida. O 4G é fundamental para pavimentar a estrada para o 5G no futuro”, resume.