Desenvolvedores e profissionais de marketing mobile veem positivamente a troca de dólar para real na cobrança dentro da App Store. Em uma conversa organizada pela equipe do RankMyApp na última quarta-feira, 14, os executivos demonstraram entusiasmo a mudança.

Lucas Pereira, diretor de produto na TechFit, aprova a medida porque a moeda estrangeira às vezes é uma barreira para as vendas. “Temos que diversificar a estratégia de diferentes preços para diferentes canais. Isso vai ajudar em nossas conversões. Acreditamos que assinaturas e bundles vão aumentar as vendas”.

A fala de Pereira foi reforçada por Ezequiel França dos Santos, desenvolvedor de iOS do BTG Pactual Digital, que vê a entrada da moeda brasileira como um diferencial na loja de apps da Apple, uma vez que muitos consumidores se afastavam dela para não terem gastos em dólar em seus cartões.

No bate-papo, Santos lembrou outro ponto importante de mudança da App Store: a entrada de publicidade após a recente reformulação da loja. “Começou na App Store americana a compra de palavras. Isso vai começar uma guerra, como teve na Google Play. Vamos ver start-ups comprando palavras e roubando o espaço de grandes empresas e apps”, crê o executivo.

Para Matheus Calmon, coordenador de mídia online na Jotacom, que experimentou a publicidade na App Store norte-americana com o Play Kids, um de seus clientes, a publicidade na App Store tem traz benefícios para a atração de usuários. “A qualidade dos usuários no Play Kids via mídia paga é muito boa”, explica Calmon.

Retenção e Aquisição

Os profissionais conversaram também sobre um de seus principais receios: a retenção e a aquisição de usuários, em especial com a constante perda de usuários que desinstalam os aplicativos em seus smartphones. “Quem tiver a resposta paraa desinstalação tem meu total respeito e R$ 1 milhão na conta”, brincou Paulo Roberto, especialista do mercado.

“Existem várias formas para evitar a perda de usuários. O que eu olho hoje não é só desinstalação, mas a aquisição. É importante olhar para o topo do funil e qualificar o tráfego”, ressalta Roberto. “Se você mostrar os valores do app para a pessoa certa, ela não vai desinstalar”.

Santos, do BTG, disse por sua vez que é preciso ter uma visão externa de criação e desenvolvimento de um aplicativo. Para ele, não é a empresa que precisa ter o app, mas o usuário que diz se precisa do app. Ele cita a quantidade de acessos em Android e iOS no seu app, que já passa o desktop, como exemplo de como entender o gosto do consumidor. “Em geral estamos em uma fase na qual a demanda para fazer mais ações no app é alta”.

Outra executiva do segmento, Winnie Rodrigues, gerente de marketing mobile na Polishop, acredita que a mudança começa na cultura da empresa. Ela explica que até dois anos atrás, seu cargo não existia na maioria das companhias e que, a partir de agora, é necessário entender o seu consumidor no mundo atual.

“Na Polishop estou focando só em mobile. Isto é uma cultura muito nova no mercado. Quando se fala em app ainda tem muita coisa para fazer, como usabilidade e produto. Quando entrei em junho, o aplicativo faturava R$ 300 mil. Em setembro faturamos o primeiro R$ 1 milhão. Isso fez com que a empresa olhasse o mobile com outros olhos”, disse Rodrigues.

“Queremos que a pessoa entre e compre no nosso aplicativo. Para isso preciso de uma base qualificada. Começamos a trabalhar com RankMyApp, Google Ads, Facebook Ads e agora vamos começar com mídia programática. Estamos tentando entender o comportamento do usuário no app. Nossos produtos são caros. Não temos muito a estratégia de retenção, mas de entender o usuário”, completa.

Dados patrocinados

Ao final da conversa, em resposta a uma pergunta do Mobile Time, os executivos disseram ter cautela com a possibilidade de usar dados patrocinados em seus aplicativos e bases de usuários. “O acesso patrocinado é algo caro. Precisamos entender se realmente existe a demanda. Por exemplo, a maior parte dos nossos clientes acessa o app por Wi-Fi. Tem que tomar cuidado e compreender a jornada do usuário”, disse Ezequiel França dos Santos, do BTG.

Já Paulo Roberto entende que, dependendo do perfil do usuário, o dinheiro pode servir melhor se aplicado em novas funcionalidades no aplicativo. Winnie Rodrigues, por sua vez, não descarta o uso de navegação gratuita, uma vez que os casos do varejo mostram um crescimento do tempo do usuário dentro do app e das vendas.

 

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