Das 703 empresas fintechs em toda a América Latina e Caribe, 230 são brasileiras. É o que aponta a pesquisa “Fintech: inovações que não sabia que eram da América Latina e do Caribe”, desenvolvida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Finnovista. Os dados foram apresentados por uma das coordenadoras da pesquisa, Gabriela Andrade, do BID, no seminário "Fintech Brasil: Tecnologia e Informação no Setor Financeiro", que aconteceu no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 14.
O estudo tinha como objetivo principal promover uma primeira análise consolidada sobre o que acontece na América Latina e no Caribe sobre o assunto Fintech.
Essas empresas estão localizadas em 15 dos 18 países da América Latina em que a pesquisa foi realizada. Em segundo lugar, com 180 empresas, está o México. Colômbia ocupa a terceira posição, com 84 empresas, seguida da Argentina, com 72, e Chile com 65. Esses cinco países concentram 90% da atividade Fintech na América Latina, enquanto os 10% restantes estão divididos entre Peru, Equador , Uruguai, Costa Rica, Paraguai, Venezuela, Guatemala, República Dominicana, Honduras e Panamá.
“Uma a cada três companhias são do Brasil”, afirmou Andrade. “Isso mostra como o País tem liderado essa revolução. Vale dizer que esses números já mudaram. Hoje em dia, por exemplo, sabemos que existem 300 empresas no Brasil. Já no México, estimamos cerca de 250 fintechs. Isso mostra como tudo muda muito rápido.”
Tipos de empreendimentos
Na pesquisa, observa-se que a atenção às pequenas e médias empresas (PME) é outro aspecto importante. Uma em cada quatro Fintech considera que esses são seus principais clientes: eles oferecem diferentes soluções que vão além de meios alternativos de financiamento e incluem coleções, contabilidade digital, pagamentos internacionais, factoring, entre outros.
Em termos gerais, a análise dos modelos de distribuição utilizados mostra que 45,6% dos empreendimentos fintech têm um modelo B2B de negócios (business to business), enquanto 54,4% utilizam um tipo B2C (business to consumer, por suas siglas em inglês). Entre as soluções B2B, mais da metade (52,5%) identificam as PME como seu principal cliente, enquanto 24,4% desenvolveram soluções para instituições financeiras e 23,1% apontam para outros tipos de entidades corporativas. A oferta ao consumidor através dos modelos B2C é orientada para os bancos em 53,4%, enquanto 46,6% das Fintech B2C concentram-se nos consumidores na parte inferior da pirâmide sub-bancária ou não bancarizada.
Quando surgiram
Estima-se que 60% das Fintechs que operam atualmente na América Latina surgiram entre 2014 e 2016. Cerca de 11% delas já existiam antes de 2011, ano em que se observa a criação do primeiro grande grupo de empresas jovens. Até o ano de 2013, foram constituídas 40% das empresas jovens, enquanto que, para 2015, esse número já subiu para 78,2%.
“Empreendedores viram uma oportunidade e decidiram agir a respeito. Mas, ao mesmo tempo, eles precisam de apoio, de um ecossistema que facilite e estimule que eles cresçam. O estudo mostrou que existem muitas oportunidades, mas também muito trabalho a ser feito”, analisou Andrade.
Metodologia
O estudo foi elaborado a partir do resultado de uma pesquisa respondida por 393 empresas jovens latino-americanas de tecnologia financeira de 18 países, além de fontes secundárias disponíveis, e de uma investigação prévia realizada pelo BID e por Finnovista.