Depois de quatro meses no ar, acho que chegou a hora de fazer uma primeira avaliação da rede social Threads (Android, iOS). Após todo o burburinho que a plataforma da Meta criou como possível substituto do X (antigo Twitter), o app terminou o terceiro trimestre de 2023 com 100 milhões de usuários, segundo relatório financeiro da companhia.
Mas como está a usabilidade depois desses primeiros meses?
Não quero fazer julgamento de valor de Elon Musk x Mark Zuckerberg – deixo isso para as rodas de bar e bolhas da web. Mas do ponto de vista mercadológico, enquanto uma rede social trocou o seu maior ativo por uma letra e tem piorado financeiramente, operacionalmente (demitiu a rodo e hoje não tem braço para gerir) e na gestão de seu conteúdo, a outra segue em franco crescimento.
Acho que outro ponto interessante é que a Meta não tem parado de investir na solução, como a inclusão de vídeos em HD, gravações de áudio, enquetes e GIFs. Além disso, duas novidades bem aguardadas foram apresentadas por Adam Mosseri, CEO do Instagram, nesta segunda-feira, 13: apagar a conta do Threads separada do Instagram; e bloquear as postagens do Threads de aparecerem para usuários do Instagram e Facebook.
Mas o app da Meta ainda é um pouco travado se comparar com o rival e até com seus próprios apps. Por exemplo, o layout para compartilhar uma mensagem, se o usuário clicar no “…” não tem todas as funções, apenas “deixar de seguir, silenciar, ocultar e denunciar”. O compartilhamento é a seta clássica do Instagram. E a opção de tradução fica escondida no canto inferior direito.
Também sinto falta das threads mais importantes na busca, algo que é uma das principais reclamações em comparação com o X. Logo, não tem hashtag. Também é comum pedir para atualizar o feed e você continua nas mesmas publicações. Ainda não tem a instantaneidade que estamos acostumados nas redes sociais.
Porém, veja, o Facebook completa 20 anos em fevereiro de 2024 e o Instagram fez 13 anos no mês passado. Com isso, o Threads tem toda uma jornada de criação, erros e acertos que esses outros apps passaram. Tanto que a equipe atualizava o app mensalmente até o mês passado, quando começou um ritmo semanal.
Um exemplo de erro e acerto são os sites externos, como vídeos do YouTube. O X alterou e o usuário vê uma grande foto e com isso não sabe que aquilo é link clicável para outro site. No Threads está bem claro com o trecho do link e o card para clicar no Threads.
Portanto, se a Meta continuar evoluindo rapidamente, combinando mais Instagram com Threads (quem sabe disponibilizando conversas do direct entre os dois, para começar) e usando essas duas décadas de aprendizado em sua nova rede social, a tendência é continuar crescendo. Não será com a mesma velocidade do primeiro mês, mas crescerá.
