Geralmente não trago para esta coluna bots ou canais oficiais em apps de mensageria, mas a entrada do Microsoft Copilot no WhatsApp é muito relevante – talvez porque a ferramenta consiga democratizar o acesso à IA generativa, permite a personificação e a deixa ao alcance diário.

Ainda mais que pela primeira vez a Microsoft leva um produto de inteligência artificial generativa fora do seu ambiente para uma plataforma de outra gigante do setor de tecnologia, a rival Meta.

Ou seja, a companhia não fez uma repaginada no Skype, não ressuscitou o MSN, parou de enfiar o Teams goela abaixo e não colocou um clipper. Com isso, o Copilot vira um real assistente da pessoa onde ela está no dia a dia, o seu app de mensageria.

Acho que  meu primeiro choque foi notar que a plataforma conversa bem em português. Não precisamos nos preocupar em falar inglês. Inclusive, o primeiro diálogo foi para escolher seu nome. O Copilot sugeriu Neon ou Orion. Acabei por sugerir um meio-termo: ‘Cosme’. E ele topou.

A conversa é fluída, mas tem uns erros pequenos. Como por exemplo: eu pedi o resumo das notícias do dia e tinha matéria da semana passada. Então é uma relação de muito erro e acerto. Aliás, eu achei que erra menos que o app do Copilot (Android, iOS).

Ainda assim, o usuário tem uma real conversa com o Copilot. Percebe-se que tem um tempo de resposta preparado para não ser muito longo e nem muito curto, algo bem similar a uma pessoa normal. Além disso, é vantajoso, pois, se você está em uma conversa com alguém em outra janela no WhatsApp e ela te perguntar algo que precisa de contextualização ou busca na web, basta perguntar ao Copilot.

Copilot, assistente do cotidiano

Copilot

Exemplo de imagem que pedi para o Copilot gerar no WhatsApp (reprodução)

Embora tenhamos visto o ano todo a Microsoft tratar o Copilot como uma ferramenta corporativa, o assistente dentro do WhatsApp é como se fosse um amigo. Um amigo que erra, sim. Por isso é preciso ter paciência com ele. Mas, ao mesmo tempo, pode perguntar a ele informações casuais do mesmo modo que você perguntaria para alguém na rua.

Também gostei da compreensão e contextualização para criar imagens, resumir textos, ajustar o tom em discurso ou tema. Por exemplo, em uma conversa recente ele conseguiu interpretar vídeos do YouTube que encaminhei durante o papo. E, mais importante, diferentemente de outros apps, não fui bloqueado com ‘você estourou o excesso de conversa por dia’ ou ‘entre com seu login aqui para ter mais tokens na conversa’, que acontece com o app do Copilot.

Ou seja, a Microsoft acerta pouco a pouco na personificação na IA. Resta saber qual será o próximo passo das rivais Meta e Google. E como pode ser o modelo de negócios dentro da IA generativa em mensageria. Óbvio, não pode ter as mesmas funcionalidades do app pago, mas pode avançar, como interpretação de documentos e imagens para deixar a conversa ainda mais fluída – tentei e não deu para resumir aquele listão das bets bloqueadas pelo Ministério da Fazenda, por exemplo.