Em 2012 estava entrevistando o atual presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin. Em uma roda com outros jornalistas. Falávamos sobre pesquisas e as movimentações dos eleitores nas eleições regionais daquele ano. O ex-governador de São Paulo disse para nós que, embora a mídia cobrisse aquele pleito muito bem e com antecedência (a conversa foi em meados de julho), “o eleitor só lembra do seu título depois do feriado do 7 de setembro”. Ou seja, a disputa eleitoral aquece apenas depois das festividades da independência do Brasil, quando surge aquele sentimento de dever cívico.

Em 2018, um ano com promessas de mudanças no paradigma do Brasil político, o eleitor está mais engajado e ativo. Além disso, não quer uma surpresa desagradável no dia da eleição, como descobrir que sua situação não está regularizada ante a Justiça Eleitoral.

Uma alternativa que está disponível aos eleitores é o e-Título (Android, iOS), um aplicativo que coloca o Título de Eleitor do cidadão em seu smartphone. Nele, o usuário consegue ter acesso a sua certidão de quitação eleitoral e certidão de (de isenção) de crimes eleitorais, local de votação e uma versão digital de seu título, com foto, dados pessoais e QR Code para leitura dos mesários na hora de votar.

Mas a novidade funciona apenas para aqueles que fizeram o registro de impressões digitais para o voto biométrico, já que as informações dos eleitores foram coletadas naquele momento. Além do mais, mesmo utilizando o app, o eleitor deve sempre portar um documento com foto para votar na urna.

Embora seja uma alternativa importante de inclusão digital e agilidade para o cidadão, nota-se que o aplicativo está um pouco “cru”. O app precisa de melhorias em segurança, relacionamento e engajamento do cidadão, algo que vai além das funções citadas acima.

Melhorias necessárias

No cadastro, ele não possui opção de criação de senha ou duplo opt-in, algo como confirmação da identidade da pessoa por SMS ou ligação telefônica. Basta a pessoa preencher os dados de seu título, nome dos pais e já tem o acesso às informações eleitorais. O app precisa de uma proteção mais sólida para o cidadão.

Outra opção, a ferramenta “onde votar” não possui mapa para guiar o eleitor, ele mostra apenas um card com sua zona eleitoral e local de votação. A aplicação governamental poderia ter uma API de mapa, algo que qualquer desenvolvedor pode angariar com o Google, por exemplo.

E, algo básico que tem nos apps comerciais e não tem no e-Título, são informações sobre os desenvolvedores e seus contatos, seja e-mail, telefone, chat interno ou redes sociais. Por exemplo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderia ligar seu bot do Twitter ao app, ou, colocar informações de contato dos cartórios eleitorais. Fica a dica.

 

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