Moises

Geraldo Ramos, criador do Moises, que alcançou 3 milhões de usuários em pouco mais de seis meses de operação

O Mobile Time publicou na última semana uma matéria sobre Moises (Android, iOS), um aplicativo musical que separa as faixas das músicas. Ou seja, o usuário pode tirar a voz de uma música, ouvir só o baixo, a bateria, o piano ou a melodia que acompanha a canção. Ou ainda combiná-las para um treino mais apurado, como colocar só melodia e piano, apenas voz e bateria para acertar o tempo.

Sou usuário do app desde o começo do ano, no meu caso, essa ferramenta surgiu como ótima alternativa para estudar mais livremente algumas obras.

Moises permite ao usuário baixar canções da web via URL, por meio de arquivos no celular ou arquivos na nuvem. Os arquivos de mídia aceitos pelo app abordam os mais variados tipos de formato, como MP3, OGG e Flac.

O app tem dois modelos de uso: gratuito, que é mais limitado em instrumentos e faixas, e pago, que permite colocar quantas faixas. Até a publicação da reportagem, eu utilizei o modelo gratuito. Após, eu paguei R$ 17 para usar a versão completa.

Apenas um parêntese, obviamente, o nome do app foi dado em alusão ao personagem bíblico que abriu um caminho no Mar Vermelho para salvar o povo hebreu.

Uso

Testei vários arquivos e gêneros musicais com o aplicativo. Ele é bem interessante para separar as faixas, mostrar os acordes das músicas, gravar para repetir depois, colocar o metrônomo no tempo certo de estudo ou reduzi-lo para aprender com calma e até subir ou baixar o tom original da canção.

Mas tem alguns acertos que precisam ser feitos. Quando a música é instrumental, ele capta a melodia, não consegue diferenciar os instrumentos. É muito comum a parte vocal entrar em alguma faixa de instrumento ou sobrar algum instrumento na voz. O baixo ele fica bem abafado em todas as opções. Por outro lado, a separação da bateria é ótima,

E canções mais novas, editadas de 2010 em diante, funcionam melhor. Porém, se o cantor abusou demais do Autotune ou Melodyne, os softwares de correção de voz, o usuário consegue perceber essas falhas.

O que falta

Notoriamente, o app precisa de algumas melhorias. Algumas delas a empresa está trabalhando, como diferenciar a faixa de melodia da guitarra e do violão. Outra é adicionar uma opção para a pessoa gravar e treinar a própria voz junto com a canção. Na música, a melodia é algo tão rico e robusto que realmente é preciso separar instrumentos dela.

Outro detalhe que precisa ser trabalhado é a voz. Não apenas o detalhe do Melodyne, mas é bem comum as canções terem voz 1, backing vocals, coro e efeitos vocais que aparecem misturadas na faixa de voz do Moises. As inteligências artificiais de baixo e piano precisam ser melhoradas também. O piano, por vezes, entra na melodia, pois está com efeito como órgão Hammond. E o baixo tem o volume bem baixo, com o perdão pelo trocadilho.

Agora, eu gostaria mesmo de outras IAs, como flauta, fagote, percussão, violino, trompete, trombone. Quem sabe até um reprodutor de partitura completo, similar àquele presente em apps de edição musical como Sibelius, Finale e MusiScore, mas falta no mobile.

E, sim, isso abre um leque enorme para o Moises tornar-se uma plataforma de educação musical.

Como usar o app

Para o usuário comum que está aprendendo a tocar um piano, baixo, bateria, canto, o aplicativo gratuito é uma ótima opção. É possível colocar até três canções por mês e aprender pouco a pouco, no seu tempo. Pode começar devagar e aumentar a velocidade à medida que melhorar. Nesta simulação testei ‘Locked Out of Heaven’ de Bruno Mars e ‘Wherever You Go’ de Lola Lennox.

Ao músico intermediário e avançado, o ideal é realmente assinar o aplicativo para ter toda sua capacidade em mãos. Esse tipo de músico pode usar o app para acompanhar uma música ou entender a mecânica dos outros instrumentistas. Neste caso usei obras do ‘Grande Circo Místico’ de Chico Buarque, como ‘A História de Lily Braun’, ‘Beatriz’ e ‘Meu Namorado’.

O instrumentista que toca há algum tempo sentirá todas as deficiências do app que citei. Mas é possível compensá-las com o aprendizado que possui, como leitura da música, improvisação, inversão de acordes e modulações.

No caso de músico de orquestra e big band, não tem muito o que fazer. A única opção é separar em duas vozes obras com coro e orquestra, por exemplo, para tocar no tempo do coral. Fiz isso com ‘Ich Folge dir  gleichfalls’ da cantata ‘Paixão de São João’ de Johann Sebastian Bach, ‘Maracatu do Chico Rei’ de Francisco Mignone e ‘Sinfonia 25’ de Wolfgang Amadeus Mozart.

 

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