Caso você não viva em outro planeta, provavelmente ouviu falar do Koo (Android, iOS) nos últimos dias. A rede social indiana viralizou repentinamente no Brasil, depois que surgiram rumores do fim do Twitter, dada a onda de demissões recentes e outras incertezas rondando seu futuro. Seja pelos infindáveis trocadilhos em português ou por ser um dos poucos planos B disponíveis na Internet, o Koo se tornou o app mais baixado na App Store e na Play Store, no Brasil.

Da noite para o dia, ou do dia para noite, na Índia, a rede social viu um boom de novos usuários, recebendo mais de 1 milhão de brasileiros na sexta-feira, 18. Criada em 2020, coincidentemente – ou não – seu logo também é um pássaro, como o mascote azul da rede vizinha. O nome vem dele, pois este é o barulho que o animal faz. O Koo, avaliado em US$ 100 milhões em maio de 2021, é também um tipo de microblog, como o Twitter. Sua principal audiência estava na Índia, até então.

A interface do app é simples, muito similar ao funcionamento de outros serviços do tipo. Na parte de baixo, é possível selecionar em qual aba navegar. A inicial é o feed, que pode ser organizada de três formas: posts de quem você segue, chamados aqui de koo (o paralelo de tuíte); sugestões de contas para seguir; e koos que estão bombando no momento. Na aba “Tendências”, estão as hashtags mais comentadas, além de outros koos famosos, com alto número de curtidas, comentários e republicações. Essas tendências também possuem um atalho no canto superior direito da interface.

A aba do meio serve para realizar pesquisas na plataforma. Na seção ao lado, estão as mensagens trocadas com outros usuários, separadas por quem você segue e outras contas. Na última aba, identificada por um sininho, estão as notificações. Lá, é possível encontrar avisos de interações, como menções, comentários e reações em koos seus. No canto superior esquerdo, há um atalho para acessar seu próprio perfil.

Um dos diferenciais do Koo em relação aos seus concorrentes é a possibilidade de escolher outras nove imagens, além da principal, para colocar na foto de perfil, que fica em destaque. As verificações de conta gratuitas são diferentes do Twitter, que pode cobrar até US$ 7,99 mensais por uma. O selo amarelo é fornecido para quem é considerado “representante significativo” no microblog. No Brasil, o primeiro a recebê-lo foi Felipe Neto, que já acumula mais de 500 mil seguidores. O selo verde, por sua vez, pode ser obtido por qualquer pessoa ou organização, como uma forma de “reduzir o anonimato” e as contas falsas na plataforma.

Nos koos, há opções de idiomas para quais o texto pode ser traduzido nativamente. Todos, com exceção do inglês e português, são falados em países asiáticos: hindu, tâmil, telugo, assamês, marata, bengalês e guzarate. Na interface do post, que pode ter até 400 caracteres, também há opção para escrever comentários, que seria uma resposta ao koo, curtir, repostar e compartilhar em outro lugar. O WhatsApp possui um botão de compartilhamento dedicado, separado dos outros. Existe um botão que mostra o número de curtidas, comentários e reposts em cada um dos idiomas. Há suporte para fotos e vídeos nos koos, que não podem ser conectados por fios, como no Twitter.

Nesta segunda-feira, 21, a rede social indiana ganhou sua versão em português às pressas, depois da migração em massa de passarinhos brasileiros nos últimos dias. Ainda assim, há adaptações que devem ser revisadas para que a linguagem se adeque ao idioma praticado no País, o que ainda não faz com que nós nos sintamos em casa. As opções de gênero, por exemplo, são “feminino” ou “macho”, além de “outros”. Apesar de não ser comum por aqui, dá até para colocar o estado civil: “casado”, “não casado” ou “divorciado”. Também é possível indicar suas qualificações educacionais, mas o ano de formação é chamado de “ano de falecimento”. O nome de usuário é o “identificador”.

Um ponto não tão positivo, mas totalmente compreensível, é de que ainda não existe um ecossistema consolidado de usuários brasileiros na plataforma, e nem de outros países, o que deixa o conteúdo muito restrito. Devido à janela recente de adoção da rede social pelos usuários do País, poucos fizeram contas por lá, se compararmos com os 19,05 milhões de brasileiros que acessaram o Twitter em janeiro de 2022, de acordo com o Statista. A maior parte dos posts são os inevitáveis trocadilhos, mas aos poucos os usuários estão começando a utilizá-la normalmente, como em outras plataformas.

Diferentemente do Twitter, nos perfis não é possível ver as mídias que foram postadas, apenas os koos, curtidas, comentários e republicações feitos pela conta. Também não dá para tornar sua conta privada, caso queira. Mas ao mesmo tempo, a rede oferece outros recursos, como a possibilidade de associar outras redes sociais (Facebook, Twitter, LinkedIn e YouTube) e links ao seu perfil, disponíveis ao se clicar em “…mais”. No geral, entretanto, o Koo carece de um diferencial de destaque, que sustente uma migração para a plataforma, enquanto o possível fim do Twitter não ocorre.

O espaço ainda é dominado por aventureiros, famosos e influenciadores que quiseram garantir seus lugares na nova plataforma, como Claudia Leitte, Sabrina Sato, Guilherme Boulos e Gregorio Duvivier. Poucas organizações aderiram, possivelmente por ainda não haver uma certeza sobre o futuro da rede aqui no Brasil e o alto número de piadas às quais ela tem sido associada. Mas páginas de humor, claro, não resistiram à tentação.

 

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