É difícil pensar no sistema Android sem associá-lo ao Google, mas nem sempre foi assim. Criado em 2003, por uma empresa homônima, ele só foi integrado à big tech em 2005, por US$ 50 milhões. A ideia do nome foi porque um dos fundadores da empresa, Andy Rubin, era um aficionado por robótica e seu site pessoal tinha como nome android.

Mesmo após a aquisição de sua empresa pelo Google, Rubin continuou por trás do software, assim como outros fundadores da empresa (Nick Sears, Chris White e Rick Miner), até 2013, quando assumiu a parte de robótica. Em 2014, ele deixou a empresa, após acusações de assédio sexual. Em 2018, o The New York Times publicou uma matéria detalhando os episódios e acusou o Google de abafar o caso.

Inicialmente, o sistema operacional foi desenvolvido para atender câmeras digitais, só que os investidores consideraram que o segmento não era o mais adequado, o que motivou a Android Inc. a direcionar a tecnologia para celulares. Quando chegou ao Google, o sistema operacional passou dois anos sendo adequado até ser lançado e chegar ao mercado em 2008, como o Android 1.0. 

O primeiro dispositivo a incorporar o software foi o HTC Dream. Nele o usuário contava com uma janela apenas para notificações e poderia baixar apps pelo Android Market. Como é até hoje, ele também tinha integração com as ferramentas do Google, como Gmail (Android, iOS), Google Maps, um navegador – que ainda não era o Chrome – e YouTube. No entanto, o aparelho foi bastante criticado pelo seu design e por ter um fone de ouvido diferente do padrão de 3,5 mm. 

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HTC Dream. Foto: Akela NDE – Wikimedia Commons

The Bot

Desde a sua concepção no Google, a mascote do sistema operacional é um robô verde. O seu design foi criado por Irina Block, que teve como inspiração os desenhos que distinguem os banheiros feminino do masculino e combinou a figura de um robô com a de um percevejo verde, muito comum nos Estados Unidos. Embora tenha passado por mudanças, conforme as atualizações do sistema, seus olhos carismáticos, o corpo robusto e a cor verde seguem intactos. Neste ano, a big tech resolveu batizá-lo como The Bot. Até então, ele era chamado de Bugdroid.

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Inseto Verde. Foto: Didier Descouens – Wikipedia

Um Android muito doce

Em 2009, o Android ganhou o seu primeiro codinome, o Cupcake. Ali começaria uma tradição da bigtech: adotar a cada nova versão o nome de um doce. Começou dentro da empresa e depois passou a ser utilizado comercialmente. Isso prevaleceu até 2019, quando o Google anunciou o Android 10. A quebra da sequência se deu pelo fato de a companhia entender que o nome do software já era conhecido o suficiente para manter os codinomes.

Android

Da esquerda para a direita: Android KitKat (2013), Android Ice Cream Sandwich (2011), Ice Cream Jelly Bean (2012), Android Marshmallow (2015), Android Gingerbread (2010), Android Honeycomb (2011), Android Lollipop (2014), Android Nougat (2016), Android 10 (2019), Android Pie (2018), Android 11 (2020), Android Oreo (2017). Ilustração: Google LLC & Open Handset Alliance – Wikimedia Commons

Embora comercialmente os codinomes não existam mais, internamente eles continuam. O Android 14, por exemplo, é o Upside Down Cake (bolo invertido).

As atualizações do sistema são uma forma de corrigir erros, que podem ser caminho de acesso para malwares, mas também servem para atender às novidades do mercado. 

Apesar de muitas marcas usarem o Android, como Asus, LG, Motorola, Samsung e Xiaomi, a tecnologia é personalizada por cada uma delas. Dessa forma, a interface do sistema operacional em um modelo da Motorola não será exatamente igual àquela em um da Asus. Isso porque o software teve como referência o kernel do Linux, que tem exatamente a mesma dinâmica de funcionamento por código aberto. Isso faz com que o Android seja o sistema operacional mais utilizado do mundo, com mais de 70% do mercado mundial, segundo dados do Statcounter, de setembro deste ano. No Brasil, ele passa dos 80%. 

O Android também chegou está outros dispositivos, como tablets, TVs, carros, câmeras fotográficas, videogames, dispositivos de realidade virtual ou aumentada e aparelhos domésticos IoT.